Bailarina Ana Botafogo será Cidadã Honorária de Curitiba

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Ricardo Marques — publicado 11/06/2024 11h55, última modificação 12/06/2024 10h04
Câmara de Curitiba também aprovou a Cidadania Honorária a um dos fundadores da Escola Vivian Marçal.
Bailarina Ana Botafogo será Cidadã Honorária de Curitiba

Ana Botafogo tem marcado presença nas festividades de aniversário da cidade e no Natal de Curitiba, especialmente no Ballet "O Quebra Nozes". (Foto: Divulgação)

“Uma das maiores artistas que o Brasil tem. Poucos sabem, mas ela estreou sua brilhante carreira na dança aqui nos palcos de Curitiba, no Teatro Guaíra.” A frase é do vereador Bruno Pessuti (Pode) ao elogiar a trajetória da bailarina Ana Botafogo. Por iniciativa dele, a artista carioca se tornará Cidadã Honorária da capital. A homenagem foi aprovada nesta terça-feira (11) em primeira votação, com 20 votos “sim” e a abstenção de Amália Tortato (Novo). Também foi acatada, com mesmo resultado, uma emenda modificativa.

A Cidadania Honorária é o título mais importante com que a Câmara Municipal de Curitiba homenageia pessoas nascidas em outras cidades. Aos curitibanos, o reconhecimento público de maior relevância é feito por meio do Vulto Emérito. Ana Maria Botafogo Fonseca Marcozzi nasceu em 1957, na capital do estado fluminense. Primeira Bailarina do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro desde 1981, ela também foi bailarina principal do Teatro Guaíra. Sua carreira profissional começou na França, quando integrou o Ballet de Marseille, de Roland Petit. Participou de festivais de dança em Lausanne, Veneza, Havana e na Gala Ibero-americana de La Danza, representando o Brasil em Madri. 

A bailarina também já recebeu os títulos de Embaixadora da Cidade do Rio de Janeiro, Benemérito do Estado do Rio de Janeiro e Chevalier dans L’Ordre des Arts et des Lettres, do Ministério da Cultura da França. Em 2021, tornou-se membro da Academia Brasileira de Cultura, ocupando a cadeira 44. Ao longo de sua carreira, já se apresentou não só em Curitiba, mas em mais de 100 cidades brasileiras, e em 33 cidades de outros 12 países da Europa, Ásia e Américas do Norte, Central e do Sul. 

Seu nome se confunde com a história da dança no Brasil. Mais do que uma artista consagrada, ela é um ícone da cultura nacional, um exemplo de talento, dedicação e paixão pela arte”, disse Bruno Pessuti. Segundo o propositor do título (115.00006.2024), nos últimos anos, a capital paranaense tem sido palco da “arte sublime de Ana Botafogo, que tem abrilhantado a cidade de Curitiba com sua participação em diversos espetáculos”. “Sua presença nas festividades de aniversário da cidade e no Natal de Curitiba, especialmente no Ballet ‘O Quebra Nozes’, tornou-se um marco cultural, consagrando a cidade como palco do melhor Natal do Brasil”, completou. 

Outras participações marcantes da bailarina em espetáculos realizados em Curitiba foram em 2023, nos 330 anos da cidade, no Ballet Clássico "Dom Quixote"; e neste ano, no aniversário de 331 anos da capital, com "O Lago dos Cisnes". “Ana Botafogo é considerada, por público e crítica, uma das mais importantes bailarinas brasileiras de todos os tempos. Sua trajetória de excelência, dedicação e amor à arte a coloca como um símbolo de inspiração para todos que apreciam a beleza e a magia da dança”, finalizou o vereador, que foi aparteado por Maria Leticia (PV), Rodrigo Reis (PL) e Serginho do Posto (PSD), todos favoráveis à homenagem. 

A conheci no Natal do ano passado. Ela é uma pessoa doce. Me permito fazer uma observação especial. Claro, ninguém questiona a carreira dela, tampouco a gente questiona o balé, a cultura. Mas faço uma referência ao etarismo. Ela tem 66 anos de idade e é uma referência belíssima, que representa o país no exterior com grandeza. E para quem não sabe o etarismo é o preconceito contra a faixa etária, a idade das pessoas. E contra pessoas idosas isto é crime. E ela é um grande exemplo para nós mulheres, que envelhecemos e nos mantemos ativas na prática das nossas atividades, com distinção e louvor. Por isso o cumprimento, Bruno, por trazer esta figura maravilhosa, que representa milhares de mulheres”, disse Maria Leticia. 

Ela é uma simpatia de pessoa. Conceder este titulo à Ana Botafogo é um privilégio para a cidade e para a cultura”, afirmou Rodrigo Reis. “Esta artista é uma referência nacional. Ela se destaca pela forma que se colocou ao longo da sua carreira, incentivando outras pessoas a seguirem o ballet clássico. Ela tem participado ativamente em ações culturais aqui no município, tem sido destaque internacional e contribuído com a arte nacional”, emendou Serginho do Posto. 

Fundador da Escola Vivian Marçal será Cidadão Honorário de Curitiba

Com 25 votos “sim”, o plenário aprovou uma segunda concessão da Cidadania Honorária de Curitiba. Por iniciativa de Mauro Ignácio (PSD), a homenagem vai destacar a trajetória de César Marçal, representante comercial e morador da capital paranaense desde o final dos anos 1960. Natural de Itajaí (SC), ele foi membro da diretoria do Conselho Regional dos Representantes Comerciais do Estado do Paraná (CORE-PR) por 40 anos. 

Segundo o vereador, César Marçal, ao lado de sua falecida esposa, Vivian Marçal, ajudou a fundar a Associação do Deficiente Motor (ADM), hoje conhecida como Escola Vivian Marçal. A criação da instituição surgiu a partir da dor do casal, que teve uma filha com diagnóstico de lesão que afetou a capacidade motora e de fala, e que necessitava de atendimentos de fisioterapia, fonoaudiologia e demais terapias. 

Como na década de 1970 havia poucas clínicas especializadas para o tratamento de sua filha, César e Vivian levaram Luciane à clínica da doutora Ieda Castilho, onde encontravam outros pais com as mesmas dificuldades de atendimento para seus filhos. Eram nove pais que, incentivados pela médica, resolveram criar uma escola e contratar professores e profissionais especializados no tratamento de crianças com deficiência motora. Nasceu, então, a ADM, que teve como primeiro presidente o doutor Farraco”, contou Ignácio, aos colegas de plenário. 

A escola, que começou com nove alunos, passou a atender 50 crianças já no segundo mês de funcionamento. Hoje, funciona no bairro Mercês. O nome “Vivian Marçal” foi dado à entidade depois do falecimento da esposa do homenageado, em 1982. “César contribuiu ativamente para que as famílias das crianças com deficiência motora pudessem ter um atendimento especializado, humanizado e de qualidade, possibilitando, assim, uma vida plena a todos que precisam de ajuda”, finalizou o propositor da Cidadania Honorária (115.00004.2023). A homenagem recebeu apoio de Rodrigo Reis.

Enfermeira vítima da covid-19 dará nome a logradouro público

Hoje, em primeiro turno, a Câmara Municipal também aprovou a indicação do nome de Karen Carla Blasckovsky Marques Zamperlini a um dos logradouros públicos da capital. A iniciativa foi defendida em plenário por Ezequias Barros (PRD), autor do projeto de lei, que recebeu 23 votos favoráveis (009.00001.2024). A homenageada era enfermeira e faleceu durante a pandemia da covid-19, vítima da doença. Era servidora pública municipal, e um dos lugares pelos quais passou foi a UPA CIC. 

Com a sua disposição em ajudar sempre os mais necessitados, prestou o concurso interno para o cargo do PSF [Programa Saúde da Família]. Aprovada, assumiu seu cargo na UBS Sabará, onde atuou com dedicação, carisma e muito amor pela enfermagem. Lá encarou o desafio de enfrentar uma pandemia. […] Trabalhou na linha de frente até ser contaminada com o vírus. Teve sua saúde comprometida com a piora dos sintomas, até que veio a ser internada na UTI onde, no dia 21 de julho de 2021, veio a falecer”, afirmou o vereador. 

Barros ainda destacou a “filha amorosa, mãe exemplar, companheira maravilhosa, profissional dedicada que sempre superava as adversidades com bom humor”. “Karen salvou muitas vidas, e acabou perdendo sua própria vida”, complementou o vereador. A votação foi acompanhada pela mãe da homenageada, Gertrudes Blaskovsky. Este projeto e as duas Cidadanias Honorárias retornam à pauta na sessão plenária desta quarta-feira (12), em segunda votação, antes de estarem prontas para sanção prefeitural.