Aumento na tarifa precisa de olhar técnico, diz vereador

por Assessoria Comunicação publicado 14/01/2009 16h00, última modificação 22/06/2021 10h33
Para quem está, há anos, familiarizado com o custo operacional de diferenciados  sistemas de transporte coletivo em todo o Brasil, Denilson Pires da Silva (DEM), eleito vereador em outubro, “o olhar crítico sobre o aumento da tarifa em Curitiba precisa ser técnico e não político.” Pires é presidente do Sindimoc e também representante de várias  entidades de trabalhadores do setor.
Segundo o parlamentar, não há patamar de comparação com outros sistemas. “O nosso está muito à frente de várias capitais como Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador ou São Paulo, onde o ônibus é caro e pouca qualidade é oferecida.” Na análise que faz, Pires lembra que, “mesmo com a geração de  custos operacionais que incluem desde capacitação profissional até o avanço tecnológico e a integração com a região metropolitana, a tarifa esteve congelada nos últimos 4 anos.” O aumento de agora, portanto, “ainda é inferior à totalidade dos custos mensais de todo este período e precisava ser feito para manter a qualidade.”
O vereador lamenta que as críticas feitas ao aumento da tarifa não “levem em conta  a eficiência e qualidade do sistema local.” Contesta também a “falta de visão sobre o grau de excelência do sistema integrado, mantido pelo aperfeiçoamento constante de pessoal, frota e equipamentos.” Para ele, é evidente que se pode melhorar. Porém, a grande queixa de ônibus lotados em horários de rush não é uma questão apenas de Curitiba. “É um problema global”, diz.
Horários
Em todas as cidades onde o número de trabalhadores é grande, acontece a superlotação. O engajamento de setores da indústria, comércio e de prestação de serviços para fracionar horários de trabalho seria uma das soluções, na opinião de Denilson Pires, oportunizando ao trabalhador deslocamentos em horários diferenciados. “Essa é, inclusive, uma discussão de característica globalizada”, avalia. Com a coincidência dos horários de entrada e saída, 100% dos ônibus são utilizados nos picos e, depois, 50% ficam ociosos nas garagens. Para resolver este e outros problemas, o parlamentar sugere adoção de alternativas para evidenciar a qualidade do sistema de Curitiba. Algumas das suas sugestões, fruto de anos de trabalho nos sindicatos, já foram adotadas pela atual administração, como, por exemplo,  semáforos inteligentes, priorizando a passagem dos ônibus e garantindo agilidade para os Ligeirinhos, que passaram a utilizar as canaletas expressas.
Custo social
Denilson Pires  lembra do custo social que representa a tarifa integrada.  “Se os curitibanos pagassem apenas a tarifa urbana, o valor seria reduzido para menos de um real. Contudo, a tarifa social é uma necessidade das metrópoles.”  Cita outro fator de encarecimento: o imposto sobre o diesel. “Os governos federal e estadual  prometeram analisar a redução dos impostos sobre o óleo combustível, mas nada aconteceu até agora.” A falta  de sensibilidade destes governos para com o sistema de transporte de massa é, na visão de Pires, “um grave problema do transporte coletivo no País.” “O transporte de massa precisa ser levado a sério, enquanto se visualiza apenas o ‘modal trilho’, colocando em segundo plano o ‘modal roda’.”  Contrário, pelo menos por enquanto, à implantação do metrô, o parlamentar analisa que o custo é muito grande,  em detrimento do aproveitamento de modelos como o de Curitiba, que mostra eficiência compatível com as necessidades da população.”
Anéis
Denilson Pires informa que um de seus projetos na Câmara de Curitiba será a defesa da passagem fracionada. A idéia é utilizar anéis de circulação com quilometragens superiores  à do “anel central”. Cada anel teria um tipo de  passagem progressivamente  inferior à distância do primeiro anel.
Credibilidade
Pires ainda se refere à credibilidade do transporte coletivo de Curitiba, fazendo duas observações importantes.  Primeiro, o retorno dos investimentos feitos pelas empresas e, segundo,  o vale-transporte. “Na realidade, quem vai arcar com a alteração da tarifa é o empregador.” Nessa linha, o vereador adianta que em breve serão feitas reuniões com a classe patronal para discutir os 32 itens reivindicados pelos  quase 15 mil trabalhadores do sistema.