Audiência pública discute poluição e soluções para rios da capital

por Assessoria Comunicação publicado 24/09/2013 18h50, última modificação 20/09/2021 08h19

Audiência pública realizada na Câmara de Curitiba, na tarde desta terça-feira (24), discutiu a situação dos rios que cortam a capital. Na ocasião, o presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Bruno Pessuti (PSC), destacou que é preciso resgatar para Curitiba a condição de cidade ecológica. “Precisamos agir para que as gerações futuras tenham uma cidade cada vez melhor. As nascentes dos rios continuam brotando, isso significa que podemos ainda ter rios melhores, porque quando a água nasce, a vida naquele local também pode ser renovada”, declarou.
    
O secretário municipal de Meio Ambiente, Renato Eugênio de Lima, acredita que os maiores problemas encontrados na capital referem-se à ocupação indevida de áreas, impermeabilização do solo, esgoto sem tratamento entre outros. “Costumo dizer que o rio é o termômetro da cidade. Problemas nos rios geram inundação, doenças, o que leva às filas em unidades de saúde etc. E isso aumenta a insatisfação dos cidadãos”.
    
Segundo Lima, é necessário muito estudo para trabalhar com sistemas naturais, devido à maneira sistêmica e imprevisível com que os fenômenos acontecem na natureza. “Rios canalizados são um grande problema, porque perdemos um patrimônio natural. Quando se retifica um rio, perdem-se todas as características naturais e ali a vida não se desenvolve mais”, criticou.
    
Durante o debate, informações sobre a poluição dos rios geraram divergência de opiniões. O jornalista Eduardo Fenianos, conhecido como Urbenauta, relatou diversas situações encontradas em expedição realizada pelos rios da capital neste ano. Segundo ele, há muitos pontos de despejo irregular de esgoto nos rios ou locais em que a rede está deteriorada, além de margens destruídas, acúmulo de lixo e assoreamento. “O Rio Atuba está bastante assoreado e com água muito ácida. E o que mais espanta é que era água tratada pela Sanepar”, disparou.
    
O gerente geral da região metropolitana e litoral da Sanepar, Celso Luiz Thomaz, chamou de “irresponsável” a divulgação na imprensa dos dados obtidos por Eduardo Fenianos. “É preciso de elementos seguros e conhecimento técnico para falar sobre a situação real dos rios. Não é porque a água está escura, com espuma e a acidez é medida com um aparelho, talvez mal aferido, que o rio está poluído”, defendeu-se. Eduardo Fenianos rebateu, afirmando que “o aparelho estava calibrado” e a pesquisa contou com apoio de instituições como a Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal Tecnológica do Paraná.
    
Thomaz declarou ainda que “a Sanepar trata 100% do esgoto coletado”. Sobre o vazamento de esgoto pela rede da companhia, o gerente informou que, com o objetivo de ampliar as redes, acaba faltando dinheiro para fazer a manutenção. “Estamos adquirindo equipamentos para encontrar vazamentos dos esgotos, porque nossa tubulação é muito antiga em alguns pontos, como na região central, onde há tubulações com mais de 100 anos”, explicou.

Recuperação
    
Segundo Jorge Augusto Callado, superintendente do Ibama no Paraná, a elaboração do Plano Diretor do município é importante para designar ações pela recuperação de áreas degradadas em Curitiba. “É importante lembrar que não é possível fazer a despoluição dos rios e não pensar de maneira sistêmica sobre a bacia hidrográfica. A preocupação ambiental começou a ser um tema recorrente, mas precisa ser uma ocupação para ser eficiente”, declarou.
    
A respeito das multas aplicadas pelo instituto sobre a Sanepar, em março de 2013, Callado afirmou que “os autos de infrações aplicados pelo Ibama se basearam em amostragem analisadas pela Unicamp”.
    
De acordo com o diretor do Instituto das Águas do Paraná, Norberto Ramon, houve muitos avanços na legislação ambiental, o que também levou à uma diminuição do despejo de esgoto doméstico e industrial nos rios. “Precisamos de uma adequação dos efluentes de acordo com a capacidade dos rios de receber esse volume, além de melhorar o tratamento para que a quantidade de água possa absorver este esgoto e obrigar que toda residência seja ligada à rede coletora”.
    
Ramon declarou, também, que a discussão sobre a poluição dos rios é “desnecessária”. “Sabemos há muito tempo que a água de Curitiba é ruim. Não podemos deixar os rios como eram na época do descobrimento [do Brasil]. Só podemos trabalhar para deixar a água menos ruim”.
    
Também estiveram presentes na audiência os demais integrantes da Comissão de Meio Ambiente, os vereadores Aladim Luciano (PV), Felipe Braga Côrtes (PSDB), Helio Wirbiski (PPS) e Jairo Marcelino (PSD).