Audiência discute educação para diminuir ataque de cães nas ruas
A Câmara Municipal de Curitiba (CMC) realizou, nesta segunda-feira (6), audiência pública para debater boas práticas em relação a prestadores de serviços e os animais nas ruas da capital. A iniciativa do evento foi da vereadora Katia Dittrich (Solidariedade) que frisou a importância de se levar em conta tanto os direitos e proteção aos animais, quanto a segurança dos leituristas e dos coletores de lixo, por exemplo. A parlamentar se comprometeu a elaborar uma carta de intenções aos órgãos competentes em nível municipal, estadual e federal.
O áudio do evento pode ser conferido aqui. Todas as fotos do encontro estão disponíveis no Flickr da Câmara Municipal.
O tema da audiência pública já foi debatido durante a Tribuna Livre do Legislativo, quando um representante dos Correios falou sobre a morte da cachorra “Menininha”, atribuída a um carteiro (leia mais). “Entramos em contato com os Correios e pedimos medidas. Por isso, buscamos entender essa relação e achar soluções para que isso não se repita. É indiscutível ter que proteger os trabalhadores, mas toda vida é valiosa, inclusive dos animais”, defendeu Katia. Ela aproveitou a oportunidade para agradecer os trabalhadores leituristas que denunciam casos de maus-tratos a animais, quando passam pelas residências e identificam a situação.
Durante o evento, foi unânime a opinião de que a diminuição dos ataques de cães nas ruas deve partir de campanhas educativas voltadas à população. Gerente de atividades externas dos Correios, Rodrigo Portes explicou que o carteiro acusado da morte do animal sofreu sanção disciplinar pela empresa e que a mesma realiza a campanha PrevenCao, em parceria com a Cavo (coleta de lixo e limpeza urbana), Copel e Sanepar. “Temos panfletos distribuídos à sociedade, de casa em casa, temos várias campanhas”, conta.
Funcionária dos Correios e protetora de animais há sete anos, Marcia Santos possui 70 cães e defendeu o colega carteiro acusado da morte da cachorra Menininha. “Eu o conheço há 10 anos, é uma pessoa idônea, pai de família e sofreu muito pelo que aconteceu”, disse. Segundo ela, o profissional recebeu muitos insultos pelas redes sociais, mas “a intenção dele não foi de matar, mas espantar o animal, é uma prática muito comum. Nesse caso, só existe um culpado, que no caso é um dono [do animal] irresponsável”, acrescentou.
“Não tem um culpado, todos são vítimas”, defendeu o diretor da Rede de Defesa Animal e Proteção Animal em Curitiba, Edson Evaristo. “O que precisamos é usar isso [os incidentes entre cães e trabalhadores] como um despertar para escutar e construir juntos uma solução”, acrescentou. Autora da lei municipal que deu origem à Semana de Proteção Animal (15.204/2018), que deve ser realizada na primeira semana do mês de outubro, Katia Dittrich sugeriu que um ponto de informações seja montado na Rua XV de Novembro, com o objetivo de conscientizar a população sobre o tema da mordedura canina, além da guarda responsável de animais, mote da legislação em vigência.
Curitiba concentra 30% dos ataques caninos a leituristas da Copel, ocorridos no Paraná, segundo o gerente de segurança da empresa, Alessandro Maffei da Rosa. Ele conta que foram 100 incidentes no estado nos últimos cinco anos. Rosa diz que faz parte da prática da empresa analisar todos os casos e estabelecer novas condutas de proteção, como o uso de calças especiais que diminuem os danos causados em ataques. Segundo o coordenador regional de Segurança do Trabalho da Cavo, Matheus Russi, de nenhuma maneira a instrução é para que os trabalhadores agridam ou reajam aos animais, mas que a empresa encontra muita dificuldade no trabalho na periferia da cidade, onde se concentra grande número de animais nas ruas.
Durante o debate, o público pôde apresentar sugestões e questionamentos sobre o assunto. Para Célia Soares, cuidadora independente, as associações de moradores poderiam orientar a população sobre como cuidar dos seus animais e convencer os proprietários a realizarem a castração dos bichos.
Servidor dos Correios, Luis Maya defende que se “bata à porta dos órgãos competentes” para auxiliar na conscientização da população, com palestras e atividades educativas. “A criança não vai assimilar uma palestra maçante, mas uma atividade lúdica”, exemplificou. Outros temas foram levantados durante o debate, como a necessidade de se realizar um censo amostral para identificar as demandas sobre os animais nas ruas.
Também participaram da discussão a presidente do Conselho Municipal de Proteção aos Animais (Comupa), Karoline Tartas, e dos representantes da Sanepar, Rafael Francis Leite, do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Rafael Stadile, e da Associação Nacional de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais no Paraná (Anclivepa), Adolfo Sasaki.
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