Audiência da Saúde: testes de covid-19 e retomada de atividades foram temas mais questionados
por Marcio Alves da Silva
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publicado
28/05/2020 15h20,
última modificação
28/05/2020 15h20
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba.
Os trabalhos, coordenados pela Comissão de Saúde e presididos pelo vereador Dr. Wolmir (Republicanos), foram transmitidos ao vivo e estão publicados no canal do Legislativo no Youtube. (Foto: Carlos Costa/CMC)
Por pouco mais de uma hora e meia, a secretária de Saúde Márcia Huçulak e sua equipe responderam questionamentos dos vereadores e da população, durante audiência pública realizada nesta terça-feira (26) na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). A prestação de contas dos serviços prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no primeiro quadrimestre do ano teve foco nas ações do município no enfrentamento da pandemia da covid-19. Os trabalhos, coordenados pela Comissão de Saúde e presididos pelo vereador Dr. Wolmir (Republicanos), foram transmitidos ao vivo e estão publicados no canal do Legislativo no YouTube.
Antes de fazerem as perguntas, a maioria dos vereadores fez questão de agradecer e elogiar o trabalho realizado pelos profissionais que atuam nos equipamentos de saúde da cidade e que estão na chamada “linha de frente” ao combate da pandemia. Maria Leticia (PV), Professora Josete (PT) e Serginho do Posto (DEM) questionaram sobre a realização de testes da doença, se haverá testagem em massa, os custos e quantos kits foram comprados ou recebidos.
Alcides Augusto Souto de Oliveira, diretor do do Centro de Epidemiologia da secretaria, explicou que há dois tipos de teste, o PCR, no qual é colhido material da mucosa da garganta e das narinas, aplicado na fase aguda da doença; e o rápido, que é semelhante a um exame de gravidez, e feito quando a pessoa já se recuperou da doença e foram criados anticorpos. O diretor defendeu que os testes devem ser feitos com critério e explicou que teste em massa “não significa testar todo mundo”, mas que a finalidade deve ser “cortar a cadeia de disseminação da doença”, testando pessoas que tiveram contato com casos suspeitos, pois isso “facilita o entendimento da dispersão do vírus em cada localidade”.
“Em Curitiba, a taxa de contágio ainda é muito baixa e nossa estratégia é aumentar o número de testes. Estamos na sazonalidade dos vírus respiratórios, o frio chegou, e vamos testar quem está adoecendo, mas não há indicação para testar assintomáticos”, completou Oliveira. “Colher de assintomático não funciona, isso é jogar dinheiro na lata do lixo. Trabalhamos com a ciência, não com opiniões, não com o que as pessoas acham”, emendou Márcia Huçulak. Conforme os dados apresentados e atualizados até o dia 19 deste mês, a cidade já realizou 10.138 testes, sendo 36,5% em laboratórios públicos e 63,5% nos privados.
Ainda segundo a gestora, o teste PCR é feito em todos os pacientes internados com quadro de síndrome respiratória aguda grave. “Todos os pacientes são testados, assim como os profissionais de saúde, inclusives os óbitos em casa, por qualquer motivo”. Huçulak acrescentou que Curitiba não comprou nenhum teste, mas já recebeu testes PCR dos governos federal e estadual e mais de 30 mil testes rápidos do Ministério da Saúde, que serão utilizados para monitorar a situação em instituições de longa permanência de idosos.
Retomada de atividades
Mauro Bobato (Pode) e Tico Kuzma (Pros) perguntaram sobre a reabertura de centros esportivos, escolas e Centros de Educação Infantil, enquanto Tito Zeglin (PDT) e Oscalino do Povo (PP), sobre a normalização do atendimento em todas as unidades de saúde, sendo que houve o fechamento de alguns destes espaços, com a reorganização da rede.
A titular da Saúde lembrou que a abertura de shoppings e templos religiosos foi autorizada e regulamentada pelo governo estadual, e que as academias conseguiram a liberação na Justiça, e adiantou que a prefeitura vai monitorar esta situação por meio de um painel com os indicadores verde, amarelo e vermelho, relativo ao número de infectados.
Conforme Márcia Huçulak, a transmissão em Curitiba “está se dando lentamente” e não houve crescimento no número de doentes de forma exponencial, mas o monitoramento continua e será preciso ver quanto a abertura destes estabelecimentos vai impactar nos indicadores
“Pedimos a paciência [da população]. Por uma medida de precaução, daqui 15 dias diremos se podemos dar um passo a mais ou não. Podemos ter que dar um passo atrás, se a coisa sair de controle. Neste momento, não conseguimos dizer se vai liberar ou não”, explicou, ao pedir a manutenção das ações preventivas, como o uso de máscaras, higiene das mãos e distanciamento social.
Em relação ao atendimento nas unidades de saúde, a secretária esclareceu que foi feita uma reorganização do atendimento, “assim como a maioria das cidades”, e que alguns equipamentos foram fechados porque não era possível separar o atendimento, o que “levaria risco às pessoas”.
Em resposta a Herivelto Oliveira (Cidadania), Márcia Huçulak disse que, desde o início da pandemia, a vigilância sanitária já realizou 3.560 inspeções: “nunca nossa equipe trabalhou tanto, dia e noite, sábados, domingos e feriados”. A gestora ponderou que nem tudo cabe à secretaria de Saúde, cuja responsabilidade seria restrita às questões sanitárias. “A Secretaria do Urbanismo e a Guarda Municipal estão atuando”, lembrou, ao citar a cassação do alvará de estabelecimentos comerciais e o encerramento de festas e aglomerações.
Outros assuntos
Sobre a situação da população de rua, questionada por Ezequias Barros (PMB) e Noemia Rocha (MDB), a secretária de Saúde informou que não foi registrado nenhum óbito e que esse grupo de pessoas tem recebido atendimento. “Nós sentamos com a FAS e fizemos um plano de contingenciamento, sendo que há duas unidades de saúde de referência para a população de rua. Também foi feito treinamento com os servidores da FAS e houve aumento no número de vagas nas unidades de acolhimento, mas, infelizmente, muitos insistem em morar na rua”.
Ainda a Noemia Rocha, a secretária negou que tenha havido falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) aos servidores municipais. A gestora se referiu à ação do Sindicato dos Servidores Municipais de Enfermagem de Curitiba (Sismec) como “desrespeito e ilação”. “Nunca faltou. Nem em quantidade, nem na qualidade necessária”, completou Huçulak, que revelou ter havido um pedido para “uso racional” dos equipamentos e que no início da pandemia houve um “consumo exagerado”.
O processo de terceirização de mais UPAs, a vacinação contra a gripe para motoristas de aplicativos, o atendimento nos CAPs, a retomada do atendimento presencial no Ambulatório Encantar, o número de leitos de UTI disponíveis, a disparidade do número de infectados nas diferentes regionais e a utilização do orçamento da pasta da Saúde durante a pandemia fora outros temas levantados em plenário. As perguntas foram feitas pelos vereadores Maria Leticia (PV), Bruno Pessuti (Pode), Pier Petruzziello (PTB), Marcos Vieira (PDT) e Maria Manfron (PP).
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba
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