Audiência da Saúde: secretária alerta a sarampo e febre amarela

por Assessoria Comunicação publicado 19/02/2020 14h30, última modificação 19/11/2021 07h01

“Não é só coisa de bebê e criança. O adolescente precisa vacinar, o adulto [também]. A febre amarela está chegando, é a vez do Paraná. Está aqui, no entorno de nós. E, como o sarampo, a proteção é a vacina”, afirmou a secretária municipal da Saúde, Márcia Huçulak, em audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). Realizada na sessão plenária desta quarta-feira (19), a prestação de contas consolidou dados do Sistema Único de Saúde (SUS) da capital, referentes a 2019.

>> Assista à audiência pública na íntegra, no YouTube da CMC.

O indício da chegada do vírus da febre amarela, alertou a secretária, é a morte de macacos, outra vítima da doença, em cidades da região metropolitana, como Araucária. O Aedes aegypti, além de vetor da dengue, zika e chikungunya, também pode transmitir a febre amarela. “É importante também que todos se vacinem contra a febre amarela. Quem não sabe se já tomou, vai lá e se vacina de novo. Não tem problema. Com o sarampo, a mesma coisa”, afirmou. De acordo com ela, todas as unidades básicas de saúde ofertam a vacina do sarampo e da febre amarela.

Até dia 30 de janeiro deste ano, Curitiba teve 485 casos de sarampo confirmados, a maior parte entre jovens. Outros 508 estão sob investigação. “A vacina do sarampo é dos 6 meses aos 59 anos. Todo mundo tem que tomar”, declarou Márcia. “Se não fecharmos o ciclo do sarampo este ano, em Curitiba, vamos ter sarampo por mais cinco anos. Precisamos que toda a comunidade nos ajude, convencendo todo mundo a fazer a vacina.”

>> Confira, em PDF, a apresentação da secretária municipal da Saúde.


A falta de determinadas vacinas enfrentada em 2019, como a pentavalente, segundo a representante do Executivo, foi normalizada. “Nós passamos o ano passado com muita falta de vacina. A gente teve muita demanda da população. A atribuição da aquisição de vacinas, a distribuição para os municípios brasileiros, é do Ministério Saúde”, explicou. “Grande parte das vacinas que aplicamos são produzidas na Índia. Infelizmente, por problemas na produção de lotes da vacina, que a Anvisa pediu que não fossem aplicadas enquanto não se fizessem testagens, passamos o ano passado com muita falta.”

Em relação à dengue, Curitiba passou de 23 casos, em 2018, para 93 casos. No entanto, nenhum registro foi autóctone (contraído em Curitiba). No ano passado, 2 casos foram autóctones. “Contra a dengue, a proteção é limpar o quintal. A maior parte dos focos está na casa das pessoas. De novo, precisamos convocar a comunidade. Até o pote de água do cachorro, se não for lavado, é um foco de dengue”, apontou. O mosquito, explicou Márcia, “se adaptou” - já resiste a temperaturas mais baixas e se reproduz em menos tempo.

No debate com os vereadores, foi reforçada a prevenção ao sarampo, à febre amarela e à dengue. “O aplicativo [Saúde Já, da prefeitura], realmente é interessante”, afirmou Bruno Pessuti (PSD). Para o vereador, a ferramenta poderia avançar aina mais, exibindo notificações das próximas vacinas e permitindo o agendamento da vacina, por exemplo. “Quanto à dengue, é uma questão mais de geografia, de geoprocessamento. Se houver caso autóctone em Curitiba, talvez já preparar o aplicativo para as pessoas [da região] terem a informação e redobrarem ainda mais a atenção aos focos do mosquito. As pessoas esquecem que a dengue mata”, acrescentou.

A Professor Euler, segundo-secretário do Legislativo, Márcia disse que podem ser disponibilizadas doses de vacina para os servidores e vereadores, para aplicação pelo Setor de Gestão de Pessoas da CMC (antigo Setor de Medicina e Saúde Ocupacional). De acordo com ela, isso já tem sido feito em locais com grande circulação de pessoas, como universidades.

A Tico Kuzma, a secretária disse que enviará aos gabinetes o calendário anual de vacinas, conforme as faixas etárias, para que os vereadores auxiliem na divulgação. “Todas nossas equipes fazem a divulgação [da vacina]. A gente pede que comunidade abrace isso”, reforçou Márcia, a Noemia Rocha (MDB). Para ela, a população pode ajudar a divulgar essas informações, compartilhado as campanhas divulgadas nas redes sociais da Prefeitura de Curitiba, por exemplo.

“O papel da vacina é provocar uma reação no organismo, para que ele crie defesas. Não há risco algum [de ficar doente]”, pontuou a representante do Executivo, após questionamento de Marcos Vieira (PDT). A Maria Manfron (PP), a secretária municipal lembrou que para determinadas viagens a vacinação contra a febre amarela é uma exigência para o embarque.

Aos vereadores Geovane Fernandes (PTB), Jairo Marcelino (PSD) e Marcos Vieira, Márcia falou mais sobre as ações de combate à dengue. “O problema [para a reprodução do mosquito] não é a calha. É o solo mesmo. 80% dos focos estão no solo. É no vasinho, no entulho, no lixo. Uma tampinha pet, para o mosquito, é um belo criadouro”, declarou. “Temos um trabalho muito sério [na prevenção], por isso não tem dengue autóctone em Curitiba.”

Rede própria
O SUS de Curitiba fechou 2019 com a oferta de 331 serviços, divididos em 10 distritos sanitários. São 111 Unidades Básicas de Saúde (UBSs), 9 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 13 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), 5 Unidades de Especialidades Médicas, 3 Centros de Especialidades Odontológicas, 2 hospitais (Zilda Arns e Maternidade Bairro Novo), o Laboratório Municipal, a Central de Vacinas, 5 residências terapêuticas e o Centro de Zoonoses. A rede contava, no final do ano passado, com 8.620 profissionais.

Em relação a 2018, segundo Márcia Huçulak, cresceu o número de consultas médicas, de 1.644.712 para 1.655.032, e de consultas com enfermeiros, de 894.421 para 943.424. “Todas nossas UPAs tiveram aumento no número de atendimentos”, observou. Com 463.232 atendimentos nas Unidades de Pronto Atendimento no terceiro quadrimestre de 2019, os equipamentos têm uma média de 3.860 pacientes/dia.

Segundo a secretária, 81% das especialidades estão com a fila de espera de até 60 dias. Quanto às internações, a titular da Secretaria da Saúde apontou que 40% das pessoas são de fora da capital – até de estados vizinhos. “Temos algumas especialidades que somos a única referência no Paraná, como queimados, prematuridade extrema, alguns cânceres raros”, afirmou Márcia.

Diretor do Núcleo Financeiro da Secretaria da Saúde, Edgar Lopes Júnior apresentou a execução orçamentária do último quadrimestre de 2019 (confira o PDF). Nesse período, de acordo com ele, o SUS da capital recebeu 738.017.681,45. Desse valor, 353.847.917,54 são de transferências federais; 18.350.892,35, de transferências estaduais; 364.921.501,55, do tesouro municipal; 672.628,53, de receitas diversas; e 672.628,53, de aplicações financeiras. No ano passado, o Município investiu 21,84% de sua receita em saúde – percentual acima do índice constitucional mínimo para a área, de 15%.

Acompanharam a audiência pública, dentre outros servidores da SMS: Bruna Novak, chefe de gabinete; Beatriz Battistela, superintendente executiva; Flávia Quadros, superintendente de gestão; Juliano Gevaerd, diretor de Atenção Primária à Saúde; Jane Sescatto, diretora do Centro de Controle, Avaliação e Auditoria; Alcides de Oliveira, diretor do Centro de Epidemiologia; Rosana Zappe, diretora do Centro de Saúde Ambiental; Oksana Volochtchuk, diretora do Centro de Assistência à Saúde; Pedro de Almeida, diretor do Sistema de Urgência e Emergência; Sezifredo Paz, diretor-geral da FEAS; e supervisores dos distritos sanitários e da Vigilância Sanitária. A procuradora-geral do Município, Vanessa Volpi Palácios, também esteve na CMC.