Audiência da Saúde: Curitiba tem 14 casos de sarampo; adotadas medidas de bloqueio
“O vírus do sarampo está circulando entre nós, já são 14 casos confirmados [em Curitiba]”, afirmou, nesta terça-feira (24), a secretária municipal de Saúde, Márcia Cecília Huçulak, em audiência pública na Câmara Municipal de Curitiba (CMC). “Os casos são acompanhados e foi realizado o bloqueio, que é a vacinação das pessoas do entorno [dos diagnosticados]. Grande parte são de jovens que não tiveram seu esquema vacinal na infância adequadamente realizados”, explicou a gestora.
“Quem não tem as duas doses [da vacina do sarampo], ou não sabe se tomou, a gente orienta que procure uma unidade de saúde para ter seu estado vacinal avaliado”, recomendou Márcia Huçulak, afirmando que a prioridade é proteger as crianças, pois o vírus do sarampo é mais contagioso que o da gripe. “Só de ficar num ambiente como esse por uma hora o risco de contágio é altíssimo”, exemplificou a secretária, referindo-se ao Palácio Rio Branco, prédio histórico em que são realizadas as sessões plenárias.
Iniciada por Sabino Picolo (DEM), que preside o Legislativo, a condução da sessão foi transferida para o vereador Dr. Wolmir Aguiar (PSC), em razão da audiência pública ser responsabilidade da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte. Além de Aguiar, compõem o colegiado Oscalino do Povo (Pode), que secretariou a reunião aberta, Ezequias Barros (Patriota), Noemia Rocha (MDB) e Tito Zeglin (PDT). A exposição da Secretaria da Saúde foi transmitida pelo YouTube e os vereadores fizeram perguntas à representante da Prefeitura de Curitiba (leia mais). A prestação de contas quadrimestral é uma exigência da lei federal 141/2012.
Sobre a cobertura vacinal do sarampo em Curitiba, Márcia Huçulak disse que houve aumento da procura neste ano. Em 2017, foram aplicadas 62.876 doses e, no ano passado, 96.201. Neste ano, o número saltou para 147.739 aplicações de vacinas VTV e Tetraviral. Abaixo da meta de cobertura, para este ano, estão as vacinas de febre amarela (82,94%), Penta (91,17%), Pneumo 10 (94,81%) e Polio VIP (92,64%). “Ainda há uma resistência das pessoas às vacinas, mas ela são a única forma no mundo [de se prevenir]. Não há risco, o resto que se diz é fake news”, repetiu a secretária.
Perguntada por Tico Kuzma (Pros) sobre abrir vacinação de sarampo aos sábados, Márcia Huçulak explicou que essa experiência foi tentada em algumas ocasiões, mas como a procura foi baixa, não é mais feito. Ela destacou que a vacina está à disposição nas unidades das 7h às 19h, com exceção da US Medianeira, que não aplica as doses por não possuir espaço físico adequado.
Marcos Vieira (PDT) perguntou se há estoque suficiente de vacina do sarampo para atender a população. “Sarampo não está em falta e a BCG e a Penta estamos regularizando”, disse a secretária, buscando explicar que a proteção desta é de 97%. “Mas se a gente mantém uma cobertura de 95% da população vacinada, o vírus vai circular e não vai se desenvolver”. Ela elogiou uma mudança de postura no governo federal, que passou a tratar as vacinas como insumos estratégicos. “A pentavalente não tinha estoque, daí a falta. Elas são importadas, então o laboratório não consegue produzir rapidamente. Não é igual mercado, que tem na prateleira”.
Estrutura da Saúde
Sendo a audiência pública referente ao segundo quadrimestre de 2019, os dados apresentados são referentes à situação em agosto de 2019. Neste mês, a Prefeitura de Curitiba ofertava 336 serviços na rede do SUS (Sistema Único de Saúde), com uma rede dividida em 10 distritos sanitários e que conta com 111 unidades básicas, 9 UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e 13 CAPs (Centro de Atenção Psicossocial), por exemplo, com 8.720 profissionais atuando no âmbito da secretaria.
Segundo Edgar Lopes Júnior, do núcleo financeiro da Secretaria da Saúde, é de 20,01% a despesa própria do Município empenhada na área. Em números absolutos, segundo a prévia do Relatório Resumido de Execução Orçamentária, isto significa R$ 624.338.387,55 já liquidados. Na exposição, a secretária Huçulak disse que segue a negociação com os outros entes federativos, para rever a pactuação do SUS para Curitiba. Pelo acordado entre União, Estado e Município, estimava-se que 30% da rede local fosse para pessoas de fora da cidade. “Mas já estamos em 40%”, disse Huçulak.
Considerando de janeiro a junho deste ano, 48.680 internações hospitalares no SUS foram de curitibanos, 21.527 foram de moradores da região metropolitana, 10.824 do interior do Paraná e 565 de outros estados. “Temos tido um aumento da demanda [no SUS de Curitiba] que é de pacientes de fora”, disse Huçulak. A secretária destacou positivamente a ampliação de uma ambulância no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), com renovação de todas as 30 ambulâncias à disposição, e a redução na fila das especialidades médicas. “Quando assumimos a gestão, tinha 27 mil pessoas na fila da ortopedia, agora são 2,9 mil”.
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