Audiência da Saúde: após 9 meses de pandemia, Curitiba tem 40,3 mil casos

por Pedritta Marihá Garcia — publicado 24/09/2020 00h30, última modificação 28/09/2020 15h41
Levantamento da Secretaria Municipal de Saúde apresentou os números da pandemia em Curitiba registrados até 18 de setembro.
Audiência da Saúde: após 9 meses de pandemia, Curitiba tem 40,3 mil casos

Números da covid-19: até 18 de setembro, Curitiba já registrava 1.178 óbitos, sendo 58% das vítimas do sexo masculino. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Além de especificar os investimentos feitos pela Prefeitura de Curitiba no enfrentamento à covid-19, que somaram R$ 92,4 milhões entre os meses de maio e agosto, a audiência pública de prestação de contas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) desta quarta-feira (23) também tratou dos números da pandemia na capital. Conforme levantamento da pasta, até o dia 18 de setembro, a cidade já registrava 40.356 casos confirmados, dos quais 1.178 resultaram em óbitos.

Durante a apresentação remota à Câmara Municipal de Curitiba (CMC), o diretor do Centro de Epidemiologia da SMS, Alcides Augusto de Oliveira, informou que após 9 meses de evolução da pandemia, o mundo já contabiliza mais de 30 milhões de casos confirmados e 943,4 mil óbitos, com um índice de letalidade de 3,1%. Até a última sexta-feira (18), 4,45 milhões de brasileiros tiveram o resultado positivo da doença, 134,9 mil mortes registradas (letalidade de 3%); enquanto que no Paraná, o número de casos confirmados ultrapassa 158 mil, com 3.975 mortes (2,5% de letalidade) – dados da OMS, Ministério da Saúde e Secretária de Estado da Saúde do Paraná.

Com 4.599 casos “ativos” da doença, a capital chegou a 40.356 casos positivos até o momento, os casos recuperados somam 34.579. A doença foi introduzida na cidade na região central, no Distrito Matriz, e com o decorrer dos meses se espalhou pelos 75 bairros. Até dia 18 de setembro, o Distrito Sanitário Boa Vista é o que acumula o maior número de casos positivos do novo coronavírus, 4.470; enquanto o Distrito Sanitário Tatuquara é o que tem menos casos confirmados, 2.092. A média de incidência de Curitiba é de 2.087 casos por 100 mil habitantes.

“A curva de infecção, ou seja, o aumento do número de casos [está] no mês de junho, com o pico da doença no mês de julho e após o final de julho, [vimos] uma tendência de queda, porém uma grande curva ou uma grande onda epidemiológica demonstra a circulação da doença em todos os bairros. No final de julho e início de agosto [vimos] novamente esse platô alto com um aumento do número de casos. Isso muito em decorrência do ‘efeito feriado’, em que aumentou-se a mobilidade e, em consequência, a transmissão da doença”, explicou Alcides de Oliveira.

Ainda segundo o diretor de Epidemiologia da Prefeitura de Curitiba, a taxa de ocupação de leitos “vem variando” e atualmente o município tem 334 leitos ativados. “[É] importante ressaltar que [devido às] estratégias de oferta de leitos de UTI e das enfermarias, não houve colapso do sistema de saúde da cidade, diferentemente de outras regiões do país ou do planeta. Os preparativos para o acolhimento, o atendimento e a internação dos pacientes ocorreram e vem ocorrendo cotidianamente”, frisou.

Com relação à taxa de internamento, a de Curitiba está em 12,1%, abaixo da média brasileira, que é de 15 a 20%. “A faixa [etária] acima de 60 anos é o público de maior incidência para o internamento hospitalar”, explicou Alcides de Oliveira, ressaltando, ao mesmo tempo, que a doença não respeita idade – atinge crianças, jovens, adultos e idosos. Na faixa de idade de 0 a 4 anos, por exemplo, a cidade já registrou 820 casos positivos; entre 25 e 29 anos, 4.152 casos; e entre 60 e 64 anos, 2.102.

Óbitos
Nos três primeiros meses da pandemia, Curitiba registrou 100 óbitos causados por complicações em decorrência da covid-19; já entre 20 de junho e 11 julho, foram registradas, em média, 50 mortes semana; no período entre 12 de julho e 22 de agosto, foram cerca de 100 óbitos por semana; e de 23 de agosto até 18 de setembro, a média de óbitos foi de 60 por semana.

Com 1.178 mortes confirmadas, hoje a capital mantém um índice de letalidade 0,1% abaixo da média brasileira, de 2,9%. A doença atinge em maior número as mulheres, mas os homens são a maioria entre aqueles que não conseguem se recuperar da doença e morrem (58%). Além disto, 97% das vítimas da covid-19 apresentavam pelo menos um fator de risco e/ou comorbidade, sendo os principais doença cardiovascular (66,1%), diabetes (37%), doença neurológica (13,2%) e obesidade (11,4%). “A obesidade é um fator importante para o agravamento da covid”, observou o diretor da SMS.

Atenção primária
A pandemia exigiu uma reestruturação do processo de trabalho da atenção primária em saúde (APS). Diretor da área na Secretaria de Saúde, Juliano Schmidt Gevaerd contou aos vereadores que o grande objetivo foi organizar o “atendimento nas unidades, prepará-las para enfrentar o coronavírus e, ao mesmo tempo, mantê-las aptas para recepcionar todos os atendimentos excepcionais à população”.

Para isso, foram definidas diversas estratégias, entre elas, a separação das pessoas sintomáticas respiratórias de pacientes com outras queixas; o atendimento imediato de sintomáticos respiratórios; e a investigação epidemiológica dos casos suspeitos e confirmados de covid e entrega da medida de isolamento. “Agora em setembro, depois de um amadurecimento, uma bagagem em relação ao estudo desta doença e deste vírus, nós incorporamos atividades [à rotina da APS] que nós já havíamos tido outro encaminhamento”, explicou Gevaerd.

Segundo o diretor da APS foram retomados, por exemplo, os “atendimentos inadiáveis” de odontologia e a remarcação de consultas presenciais para portadores de doenças crônicas. Outro projeto desenvolvido pela SMS na Atenção Primária, com foco no monitoramento da pandemia, foi a criação de um roteiro de investigação epidemiológica para os sintomáticos respiratórios e seus contatos domiciliares.

“Mais de 97 mil pessoas foram investigadas. Esse formulário nos traz um banco de dados extremamente relevante para definir o perfil da doença em Curitiba, a maneira como ela está sendo transmitida e quais são as vulnerabilidades que esses contatos apresentam e a sintomatologia desses contatos. Hoje sabemos que perfil têm essas pessoas, qual é a idade, como é que se deu a transmissão, quais são as características em termos de vulnerabilidade dessas pessoas, se elas trabalham em serviços essenciais ou não”, finalizou Juliano Gevaerd.

Dispositivo legal
Conduzida pela Comissão de Saúde, a audiência pública para a apresentação do relatório do SUS municipal é determinada pela lei complementar federal 141/2012, até o final dos meses de fevereiro, maio e setembro. Presidido por Dr. Wolmir Aguiar (Republicanos) e vice-presidido por Oscalino do Povo (PP), o colegiado também reúne Jairo Marcelino (PSD), Noemia Rocha (MDB) e Tito Zeglin (PDT).

Na próxima quarta-feira (30), a CMC promove a audiência pública quadrimestral para apresentação do desempenho das finanças da Prefeitura de Curitiba e do Legislativo. Sob a condução da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, a atividade também será realizada durante a sessão plenária, com transmissão ao vivo pelas sociais da Casa (054.00009.2020).

Restrições eleitorais
A cobertura jornalística dos atos públicos do Legislativo será mantida, objetivando a transparência e o serviço útil de relevância à sociedade. Também continua normalmente a transmissão das sessões plenárias e reuniões de comissões pelas mídias sociais oficiais do Legislativo (YouTubeFacebook Twitter). Entretanto, citações, pronunciamentos e imagens dos parlamentares serão controlados editorialmente até as eleições, adiadas para o dia 15 de novembro de 2020, em razão da pandemia do novo coronavírus.

Em respeito à legislação eleitoral, não serão divulgadas informações que possam caracterizar uso promocional de candidato, fotografias individuais dos parlamentares e declarações relacionadas aos partidos políticos. As referências nominais aos vereadores serão reduzidas ao mínimo razoável, de forma a evitar somente a descaracterização do debate legislativo (leia mais).