Audiência da Saúde: seis respostas da SMS sobre o atendimento em Curitiba
“Eu sonho com a tarifação zero [da internet para uso] do aplicativo Saúde Já, mas dependo das operadoras se sensibilizarem”, comentou a secretária municipal de Saúde, Beatriz Battistella Nadas, nesta segunda-feira (27), durante a prestação de contas quadrimestral da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Ela confirmou aos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) vai cada vez mais utilizar a tecnologia no atendimento da população.
“Estamos trabalhando no conceito de Saúde 4.1, aliando tudo que a tecnologia pode dispor. O pacote de dados é um problema importante, porque os serviços não podem se resumir a quem tem [acesso à internet], por isso as unidades de saúde estão sempre abertas. “[O acesso ao app Saúde Já] é de relevância pública e o custo não é elevado. As operadoras custeiam outros apps [de streaming de vídeos e de música], e eu vejo que seria uma boa causa para as operadoras apoiarem”, disse Beatriz Nadas. A gestora do SUS confirmou que tem feito reuniões com as operadoras para avançar nesse assunto.
O tópico foi um dos assuntos abordados pelos vereadores durante a audiência pública realizada na CMC, sob coordenação da Comissão de Saúde, presidida por Alexandre Leprevost (Solidariedade). A gestora do SUS respondeu a 44 perguntas, formuladas por 18 vereadores, ao longo de quase três horas de debate em plenário. Na apresentação, Beatriz Nadas retomou o alerta sobre a mortalidade infantil, cujos indicadores subiram em 2022, mas também comemorou a melhoria na cobertura vacinal da população de Curitiba.
Confira, a seguir, outras perguntas respondidas pela secretária Beatriz Nadas:
Piso da Enfermagem
Questionada por vários vereadores sobre a implantação do Piso Nacional da Enfermagem na rede municipal, a secretária da Saúde confirmou que o custo da implantação supera os R$ 215 milhões só na Prefeitura de Curitiba, sem contabilizar o impacto nos hospitais conveniados ao SUS. “O presidente Lula e a ministra da Saúde [Nísia Trindade] estão construindo um mecanismo de transição [para o pagamento do piso]; [a implantação automática] é irreal, não há recursos no país. É preciso um financiamento perene e ele depende do Ministério da Saúde”, disse Beatriz Nadas.
Expansão da rede
Em primeira mão aos vereadores, a secretária Beatriz Nadas informou que, em março, será apresentado ao Conselho Municipal de Saúde um estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), para o redimensionamento da rede de atenção primária. “Vamos avaliar todos os serviços, para melhor distribuir a ação e as unidades de saúde. Está quase concluído. A ideia é ter um raciocínio científico, com base em indicadores, para determinar a ampliação das unidades e serviços”, adiantou a gestora do SUS.
UPA Fazendinha
“Tivemos toda uma reacomodação [da rede da Saúde] para o atendimento durante a pandemia. Estamos agora nos movimentos para retomar o funcionamento da UPA Fazendinha, só que ela vai reabrir em uma nova [modelagem], fazendo o que fazia, mas, adicionalmente, [fazendo] outros atendimentos especializados, de acompanhamento de idosos com feridas crônicas e mais exames. Isso deve acontecer até o mês de maio deste ano”, prometeu Beatriz Nadas.
Vacina bivalente
“A partir de hoje [27], começou a vacinação [com o imunizante bivalente, que protege de mais variantes da covid-19] das pessoas em instituições de longa permanência e das com mais de 70 anos e acamadas”, anunciou a secretária da Saúde. Ela explicou que, se a pessoa que se enquadra nesses critérios não tiver concluído os ciclos anteriores de vacinação, terá que terminá-los para receber a nova vacina. “Primeiro, vão receber [a nova vacina] as populações com mais risco, daí o restante. Peço para as pessoas consultarem seu estado vacinal no aplicativo”, disse.
“50 de fora”
Sobre a procura de serviços da Saúde em Curitiba, por moradores de fora da capital, a secretária Beatriz Nadas informou que, na média, metade dos leitos é de paranaenses que moram fora da cidade. “A relação histórica era de 70% [da cidade] e de 30% [de fora]. Hoje, é quase 50% [dos leitos] e, conforme o serviço, chega a ser 30% [da cidade] e 70% [de fora]”, contou a gestora do SUS. “Conhecemos a origem de todos os que atendemos”, disse, dando a UPA Boa Vista como exemplo, onde “35% [das consultas] é de não residentes em Curitiba”.
Fizeram perguntas e apontamentos à SMS João da 5 Irmãos (União), Noemia Rocha (MDB), Marciano Alves (Solidariedade), Oscalino do Povo (PP), Bruno Pessuti (Pode), Professora Josete (PT), Sidnei Toaldo (Patriota), Jornalista Márcio Barros (PSD), Rodrigo Marcial (Novo), Rodrigo Reis (União), Angelo Vanhoni (PT), Marcos Vieira (PDT), Amália Tortato (Novo), Tico Kuzma (Solidariedade), Serginho do Posto (União), Mauro Bobato (Pode), Eder Borges (PP) e Salles do Fazendinha (DC).
A apresentação do relatório quadrimestral pela SMS está prevista no artigo 36 da lei complementar federal 141/2012, como ferramenta de transparência na gestão dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS). A audiência é aberta à população, que pode escolher participar presencialmente ou pelas redes sociais da CMC (YouTube, Facebook e Twitter). Nesse dia, não há votação de projetos de lei, com o tempo da sessão plenária sendo dedicado à audiência pública (054.00001.2023).
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