Audiência aborda propostas para conter homofobia na escola

por Assessoria Comunicação publicado 11/05/2012 18h55, última modificação 02/09/2021 08h05
Com o objetivo de discutir o preconceito contra a orientação sexual no ambiente escolar, além de propor soluções para o enfrentamento do problema, o plenário da Câmara Municipal foi local, na tarde desta sexta-feira (11), de audiência pública sobre o tema “Educação e inclusão são a solução para a homofobia”.
Uma das idealizadoras da atividade, a vereadora Professora Josete (PT), diz acreditar na construção de políticas públicas municipais voltadas ao respeito à dignidade humana, à diversidade e o combate à homofobia. "Discutir a questão abertamente é um passo importante para vencer o preconceito", avalia. Josete acrescenta que o evento acontece em alusão ao Dia Municipal de Combate à Homofobia, lembrado em 17 de maio.
Como debatedoras foram convidadas a professora doutora Araci Asinelli da Luz, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a especialista em educação Andréia Cantelli e a mestre em educação Dayana Brunetto.
Discussões
Quem iniciou o debate foi Andréia Cantelli, que falou sobre suas experiências pessoais como transexual e professora da rede estadual. “A escola nem sempre é um ambiente que traz experiências positivas, em especial para as pessoas travestis e transexuais. É uma instituição de muito poder, pois ao mesmo tempo consegue inserir e excluir da sociedade”. A especialista explica que o assunto possui três questões fundamentais: o acesso ao conhecimento, a permanência na sala de aula e a garantia da aprendizagem. “Precisamos formar os nossos professores para trabalhar com esse público. Quando alcançarmos uma educação libertadora e de qualidade, vamos garantir a inclusão”, acredita.
Na sequência, Dayana Brunetto, também professora da rede estadual, falou sobre as obstáculos que as instituições de ensino terão de enfrentar. “A educação ainda não desenvolveu uma forma de atender aqueles que saem da norma. Quando uma pessoa sai desse padrão, surge a fobia, a resistência, o ódio, enfim, a negação dos direitos. O sistema faz a exclusão por dentro. Os transexuais são tão pressionados, até que desistem”. Como pesquisadora, Brunetto interpreta que a escola tem trabalhado sob o paradigma da aceitação. “É a chamada pedagogia da tolerância, mas isso é insuficiente. Os gays, lésbicas, transexuais e bissexuais não querem um favor do Estado. Eles anseiam por políticas públicas, sobretudo a educacional”.
Também professora, mas atuando no ensino superior, Araci Asinelli colocou-se como parceira dos movimento homoafetivos e comprometeu-se a levar o debate para a universidade. “No setor de educação isso já é uma realidade, mas precisamos aprofundar o assunto na universidade como um todo”. A doutora define o aprendizado formal como um direito, mas classifica a diversidade como um valor, a ser vivenciado no cotidiano das comunidades escolares. “A educação e os professores são pouco valorizados no nosso país e isso reflete, muitas vezes, em uma formação de baixa qualidade”, lamenta.
Além de Josete, promoveram o debate os vereadores Jair Cézar (PSDB), Julieta Reis (DEM) e Renata Bueno (PPS), em conjunto com diversas entidades.