Atividade de enfermagem debatida na Tribuna Livre

por Assessoria Comunicação publicado 18/05/2011 19h40, última modificação 09/08/2021 14h40
As áreas de atuação da enfermagem que tornam o profissional cada vez mais autônomo e independente em seu trabalho, o dia comemorativo da categoria (12 de maio) e a instituição da Semana da Enfermagem foram temas debatidos na Tribuna Livre da Câmara Municipal de Curitiba, nesta quarta-feira (18).
Por iniciativa do vereador Dirceu Moreira (PSL), a coordenadora de estágio do Centro Universitário Campos Andrade, (Uniandrade), Nair Lenz, falou aos parlamentares sobre os desafios e conquistas da categoria e como está a valorização destes profissionais. A convite do segundo vice-presidente da Casa, Tico Kuzma (PSB), a enfermeira Juliana Marcon Hencke, supervisora do Distrito Sanitário do Portão, também participou, comentando sobre a prática profissional nas unidades da rede de saúde municipal.
A Semana de Enfermagem foi criada para homenagear duas profissionais: Florence Nightingale e Ana Nery. Florence nasceu em 18 de maio, em Londres, Inglaterra, e é considerada a patrona da enfermagem moderna. Foi ela quem transformou a enfermagem em profissão. Ana Nery foi uma das maiores enfermeiras brasileiras. Foi ela quem profissionalizou a enfermagem no Brasil e também se ofereceu como voluntária durante a Guerra do Paraguai, onde lutaram seu marido e filhos, trabalhando como enfermeira.
De acordo com Nair Lenz, "o conceito de humanização, individualização e hospitalidade no atendimento do enfermeiro não basta para o exercício da profissão". São necessários outros atributos, como agregar o conhecimento técnico e tecnológico dos dias atuais à sensibilidade de cada um para acentuar o diferencial observado em muitos hospitais e unidades da rede pública. O enfermeiro tornou-se mais especializado e passou a ter maior destaque como membro de equipes multidisciplinares, com seu próprio corpo de conhecimentos para a prestação de cuidados aos pacientes. Lenz explicou, por meio de slides, que os enfermeiros vêm desenvolvendo seu papel de forma inovadora, expandindo e estendendo suas funções, que significam conquistas positivas alcançadas no avanço do conceito profissional. Um exemplo dado pela supervisora do Distrito do Portão, Juliana Hencke, é o de que 70% do efetivo de servidores da área atuam em unidades de saúde, "fazendo a coisa acontecer". Apesar da profissão ainda seja cercada de um certo preconceito sobre a noção exata do trabalho destes profissionais, as enfermeiras deixaram claro que a distância entre os níveis de formação dos instrumentadores cirúrgicos, técnicos e auxiliares de enfermagem e médicos é bem menor atualmente. "Há uma integração profissional nas equipes que atuam nas unidades", exemplificou Hencke.
Para aumentar as conquistas, a coordenadora da Uniandrade acredita que a implantação de 30 horas de atividade semanais vai enriquecer o padrão profissional. "A categoria possui uma jornada prolongada e de ritmo acelerado de trabalho, em função da própria exigência da atividade", comentou. Hoje, são 40 horas semanais.
Os vereadores também tomaram conhecimento de que a categoria se aperfeiçoa constantemente no aprendizado de técnicas para tratar de determinadas situações críticas de pacientes. Ao mesmo tempo em que os profissionais "promovem a esperança de cura, têm que se deparar com ocorrências terminais", fatores que, segundo Lenz, geram "estresse profissional, superado pelo amor e respeito aos pacientes".
A questão do estresse da profissão foi reconhecida pelo vereador Paulo Frote (PSDB). Ele, como os demais parlamentares que fizeram uso da palavra para cumprimentar a instituição da Semana da Enfermagem e a importância de cada profissional da área, concordaram que "a enfermagem ainda é pouco reconhecida". Nely Almeida (PSDB) acha que é preciso mais "divulgação sobre a complexidade da atuação de enfermeiros". Disse também que "são os enfermeiros que fazem a estrutura hospitalar". Os profissionais foram considerados um "exército invisível" pela vereadora Julieta Reis (DEM), quando ressaltou a capacidade do trabalho humanitário. O "ombro amigo" também foi salientado por Denilson Pires (DEM) e o líder tucano Emerson Prado.
Para o líder do PDT, Tito Zeglin, "os integrantes da enfermagem são anjos vestidos de branco que levam esperança aos pacientes". Ação qualificada pelo sentimento de "gratidão", conforme o líder da bancada de oposição na Casa, Algaci Tulio (PMDB). Para ele, "o setor de saúde e de segurança são os que mais apresentam exigências, tanto da parte dos profissionais que precisam aliar a compatibilidade tecnológica com a sensibilidade do trato, quanto à necessidade de investimentos públicos para valorizar a prestação do serviço".
As observações dos vereadores serão possíveis, conforme Lenz, "quando houver uma modificação na cultura profissional". Outro exemplo concreto sobre a importância do profissional da enfermagem foi dado pela vereadora Noemia Rocha (PMDB). A parlamentar conviveu por mais de 40 dias num ambiente hospitalar, por ocasião da doença de sua mãe, e pode "presenciar a rotina da enfermagem, o trabalho exaustivo com pouco equipamento e baixa remuneração".
O exercício profissional da enfermagem, estabelecido em lei federal e regulamentado por decreto na década de 80, também garante, agora, o direito do enfermeiro prescrever medicamentos. Para isso, é preciso que os currículos dos cursos de graduação de enfermagem contemplem o preparo técnico do futuro enfermeiro para realização das ações que envolvem a consulta de enfermagem, a prescrição de medicamentos e a requisição de exames. É uma das conquistas mais recentes, que, de acordo com a categoria, pode ser complementada com a redução da jornada para 30 horas.