Atendimento a moradores de rua gera polêmica em plenário
Uma indicação de sugestão ao Executivo aprovada na sessão desta terça-feira (7), em que Helio Wirbiski (PPS) propõe a realização de parcerias público-privadas para a capacitação e reinserção de moradores de rua no mercado de trabalho, gerou debate paralelo entre vereadores. Enquanto o autor do requerimento (201.00020.2017) defendeu que essa mão de obra pode ser empregada inclusive em licitações da Prefeitura de Curitiba, Noemia Rocha (PMDB) disse que são necessárias outras ações, como a reorganização das comunidades religiosas.
“O debate político foi acalorado, mas até agora não vimos muita coisa. Não basta moradia provisória, precisa ter inserção no mercado de trabalho, senão ele volta à rua com os mesmos problemas”, começou Wirbiski. “Isto já está sendo feito em algumas cidades do Brasil.” Outra sugestão do autor do requerimento é que Curitiba tenha o Fundo do Resgate Social: “Temos os fundos do Idoso e da Criança e do Adolescente, para os quais podemos doar parte de nosso Imposto de Renda”.
Noemia Rocha, em seguida, avaliou que já há secretarias e órgãos que oferecem capacitação profissional aos moradores de rua. “Uma porcentagem elevadíssima é de dependentes químicos. Temos que promover os valores familiares. A Márcia [Fruet] fez um censo em Curitiba que mostrou apenas que 4% deles não têm aonde morar”, declarou. Segundo a vereadora, uma ideia é promover uma audiência pública com as comunidades religiosas para centralizar seus serviços, como o fornecimento de alimentos. “Elas estão fazendo o bem no momento errado.”
A Professora Josete (PT) também subiu à tribuna: “Não existe uma solução mágica. Não podemos começar do zero [devido à mudança de gestão]. Acredito que aquele que está na rua tem direito à alimentação, como todo cidadão. O perfil do morador de rua mudou, são muitos os jovens envolvidos com drogas, e a abordagem tem que ser diferente”. Ela opinou que o atendimento deve ser laico. “A busca religiosa tem que partir de cada indivíduo. A gente não pode misturar as coisas”, continuou, entre críticas à aprovação do Plano Municipal de Educação (PME), em junho de 2015, sem as palavras "gênero" e "diversidade", por exemplo (leia mais). “É uma questão de políticas públicas.”
Ezequias Barros (PRP) rebateu: “Não houve equívoco nenhum [na aprovação do PME]”. O vereador avaliou que “é em casa que a gente aprende isso” e que “queriam dizer que nossos filhos não têm sexo”. Noemia também respondeu: “Ela [a comunidade religiosa] está fazendo o que o poder público deveria fazer. Não é tirar comida da rua, é centralizar. O país é laico, mas não podemos negar que a maioria é cristã”. “A ideia é que a iniciativa privada possa somar, para que possamos trazer trazer dinheiro privado”, apontou Wirbiski, ao alertar à fuga do debate sobre sua indicação ao Executivo.
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