Artigo - Violência Urbana. Um momento sem precedentes

por Assessoria Comunicação publicado 31/10/2007 16h15, última modificação 18/06/2021 07h12
É impossível andar pelas ruas do Brasil e não pensar na violência, pois esbarramos diariamente nos jornais com as reportagem sobre violência, a exemplo de mortes e acidentes ocasionados pela mesma. O Brasil contabiliza cerca de 30 homicídios para cada 100 mil habitantes ante a média mundial de cinco. O resultado anual de homicídios pode ser comparado ao número de vítimas de uma guerra civil.
Sociólogos afirmam que a pobreza não é a causa da violência, mas sim a má distribuição dos serviços públicos, que tornam os bairros mais pobres e mais atraentes à criminalidade e ilegalidade.
Em muitos casos se fala em soluções para combater atos violentos, mas o problema está no fato das autoridades não as colocarem em prática. Se em nosso país, alguns políticos voltassem os olhos para a educação ao invés de dilapidarem os cofres públicos, o resultado a longo prazo seria extraordinário, pois a base para o ser humano ter bom senso do que é certo e errado é a educação.
Quando uma pessoa é capacitada tem melhores oportunidades, o que gera uma pessoa estável ao sistema que vivemos e que dificilmente se tornaria violenta. Mas, além disso, há a precariedade do sistema judiciário, as prisões que não reeducam seus presos e sim acrescentam mais violência nas vidas dos mesmos.
Desestruturação familiar, por exemplo, não quer dizer, necessariamente, ausência de pai ou de mãe ou modelo familiar alternativo. A desestrutura tem a ver com as condições mínimas de afeto e convivência dentro da família, o que pode ocorrer em qualquer modelo familiar. O desemprego ou o subemprego também alteram a auto-estima do jovem e o leva a pensar em outras formas de conseguir espaço na sociedade, de ser, enfim, reconhecido, mesmo que seja pelo lado errado.
O crescimento do tráfico de drogas, por si só, é também fator relevante no aumento de crimes violentos. As taxas de homicídio, por exemplo, são elevadas pelos “acertos de contas”, chacinas e outras disputas entre traficantes rivais.
Grande parte das ações necessárias está na gestão urbana, que compete aos municípios. Como a segurança pública é tarefa dos Estados, é preciso haver integração entre políticas urbanas e políticas de segurança pública. Outro grande problema é a invasão de empresas de segurança. Estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) calcula que o número de vigilantes hoje no Brasil é 3,5 vezes o contingente das forças armadas nacionais, com o agravante de que esses primeiros possuem qualificação discutível e andam armados.
Nos últimos dias, a população curitibana vê estampados em seus jornais crimes praticados por estes que deveriam guardar a vida da sociedade e, mesmo que de forma particular, se transformam em verdadeiros juizes, que julgam e condenam quem eles querem, por motivos que eles mesmos acham graves.
O presidente da Federação dos Vigilantes do Estado do Paraná, João Soares, afirmou que "na Região Metropolitana de Curitiba existem 103 empresas clandestinas”, certamente um fator agravante para tanta violência e que sem dúvida coloca em risco a vida de quem contrata e a de pessoas que nada têm a ver com isso.
A violência urbana, o aumento da criminalidade, a elevada taxa de homicídios e a indústria de seqüestros fazem parte, infelizmente, do dia-a-dia. Mas o problema é comum a praticamente todos os grandes centros urbanos e a relação entre o número de habitantes e das empresas de segurança nos mostra uma idéia do crescimento da violência.
A violência é um ciclo que começa e termina nele mesmo, sem benefício para ninguém, a não ser para os líderes do crime, na exploração daqueles que, direta ou indiretamente, foram ou serão suas vítimas. Não podemos suportar mais vítimas como o garoto Bruno Strobel, ou mesmo a menina Ana Claúdia Caron, ou mesmo a criança Márcia Constantino, de apenas 10 anos e várias outras vítimas que ficam anônimas ao noticiário diário. Precisamos dar um basta!
O cidadão é o maior penalizado com a violência urbana, pela perda de sua liberdade, com os riscos presentes no cotidiano. Para as famílias, a perda deixa o sentimento de dor e sofrimento, onde a saudade e a busca por justiça são seus únicos interesse pela vida.

Vereador Pastor Gilso de Freitas (PSDB)