Arcebispo lança cartilha com orientação política

por Assessoria Comunicação publicado 17/08/2006 17h15, última modificação 11/06/2021 07h16
O arcebispo metropolitano dom Moacyr José Vitti esteve na Câmara de Curitiba, nesta quarta-feira (16), ocupando o horário da Tribuna Livre, quando fez a apresentação de cartilha sobre as eleições deste ano e o voto consciente. A iniciativa foi do vereador Felipe Braga Côrtes, que considerou o assunto importante pelo momento político.
A cartilha foi elaborada pela Arquidiocese de Curitiba “com linguagem simples e clara, para ajudar os cristãos a votar conscientemente em candidatos sérios e que busquem a sociedade justa”, explicou dom Moacyr, que acredita que a Igreja não deve colocar a política nas suas próprias mãos, mas orientar para o voto responsável. “Devemos oferecer elementos de reflexão para que o cidadão saiba tomar as decisões que virão a interferir em nossas vidas”, disse Dom Moacyr. A intenção é oferecer elementos que levem os cidadãos, eleitores e candidatos a refletir sobre os princípios éticos e de consciência dos direitos e deveres do indivíduo.
“Quero parabenizar a Arquidiocese de Curitiba pela formulação da cartilha, que auxiliará não somente os eleitores, mas também candidatos e parlamentares nesta e nas próximas eleições”, disse Felipe Braga Côrtes. O vereador Paulo Salamuni lembrou fatos históricos relacionados à política e à Igreja. “A democracia brasileira hoje em dia é grande devedora das Igrejas”.
Questionado pelo vereador Zé Maria sobre a posição da Igreja Católica em relação aos padres candidatos, dom Moacyr destacou que a Igreja respeita como sagrado o direito ao voto e à liberdade da pessoa e do eleitor, não impondo indicações de voto. O vereador Pastor Gilso de Freitas (PL) parabenizou a elaboração da cartilha “como reação da Igreja Católica, que há alguns anos se mobilizou na política, assim como os evangélicos, para assumir papel de responsabilidade diante da sociedade”, justificou o parlamentar.
O líder do prefeito na Casa, vereador Mario Celso Cunha (PSDB), destacou a união dos evangélicos, que fazem e elegem seus candidatos, lembrando que não há apoio da mesma forma por parte da Igreja Católica. “Precisamos mostrar que a política não é má e nós temos o dever de mudar o conceito para construir a sociedade baseada na justiça e na solidariedade”, analisou dom Moacyr.
Cartilha
De acordo com o material assinado por dom Moacyr Vitti, a política é a busca do bem comum e deve promover a dignidade da pessoa, a renovação da comunidade e a construção de sociedade solidária, respeitando direitos fundamentais. “Os cristãos devem participar da política porque são membros da sociedade e, como cidadãos, sujeitos e objetos políticos, porque somente ampliando as formas participativas dos cristãos é que se constrói uma nação livre, democrática e autônoma e porque as decisões políticas interferem no cotidiano, permitindo ter ou não as condições básicas de vida digna.”
A Igreja deve participar com reflexões e orientações para os fiéis se engajarem com responsabilidade na ação política, não somente com o seu voto consciente e responsável, mas acompanhando o mandato e participando das organizações populares. A atitude imatura e irresponsável leva a não analisar e avaliar as propostas e idéias de cada candidato. Tira a possibilidade de votar em candidato comprometido a trabalhar para o bem comum. O primeiro critério para a escolha de candidatos é conhecer sua posição em relação à defesa da vida e à dignidade da pessoa humana.
Por fim, a Igreja não assume opções partidárias, mas empenha-se na luta geral pela justiça e procura formar a consciência das pessoas. A cartilha ainda fala da propaganda política, funções e responsabilidades dos parlamentares, entre outras orientações.