Arcebispo de Curitiba pede que vereadores votem contra bebida
“O futebol é um esporte apaixonante; de muitas emoções e disputas. A bebida alcoólica, ainda que em módica dosagem, estimula muitos confrontos. E desfigura a dimensão esportiva de qualquer jogo”, afirmou Dom José Antonio Peruzzo, arcebispo de Curitiba, em carta enviada nesta quarta-feira (2) aos vereadores da Câmara Municipal.
No documento, Peruzzo pede que os parlamentares votem contra a liberação da venda de bebida alcoólica nos estádios de futebol. Projeto de lei já aprovado em primeiro turno permite a comercialização do produto (leia mais), mas enfrentou resistência na votação, e a análise final foi adiada para o dia 14 de setembro (005.00039.2015). Nesse interstício, representantes de órgãos públicos e de entidades civis têm procurado os vereadores solicitando o arquivamento da medida (leia mais).
“Hoje, mais do que outrora, há uma difusa predisposição à violência. Pequenos motivos se tornam grandes confrontos. E o consumo alcoólico, ainda que em pequenas doses, se diminui os reflexos (por isso não se deve dirigir carros), também reduz a capacidade de reflexão e raciocínio. Mas crescem os ímpetos, até os instintuais. Daí à violência basta um pequeno passo”, argumenta o religioso.
A correspondência foi entregue em mãos aos vereadores pelo bispo Dom José Mário Angonese. “Institucionalizar o consumo da bebida alcoólica nos estádios é um problema, pelo clima de animosidade permanente entre as torcidas organizadas”, disse o representante da igreja a vereadores católicos, em reunião logo após a sessão plenária desta quarta-feira (2).
“Com essa votação polêmica”, respondeu Paulo Salamuni (PV), “ficou reforçado que é importante sermos rigorosos na questão constitucional e que temas desse tipo devem ser debatidos em audiência pública antes da votação”. Geovane Fernandes (PTB), Serginho do Posto (PSDB), Tito Zeglin (PDT), Mauro Ignácio (PSB), Pedro Paulo (PT), Tico Kuzma (Pros), Felipe Braga Côrtes (PSDB), Julieta Reis (DEM) e Rogério Campos (PSC) participaram da conversa com o bispo.
Os vereadores combinaram com Angonese que reuniões mais frequentes entre a Igreja Católica e os vereadores de Curitiba serão realizadas, “para melhorar a interlocução”. Parlamentares relataram que, ao procurar os padres das comunidades a que pertencem, têm obtido opiniões diferentes sobre projetos de lei em tramitação no Legislativo. “Reconheço que o diálogo pode ser melhorado, inclusive com mais encontros entre nós”, admitiu o membro da Cúria Metropolitana.
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