Aprovado projeto que incentiva doação de órgãos

por Assessoria Comunicação publicado 30/05/2011 19h30, última modificação 09/08/2021 15h15
Incentivar a doação de órgãos e criar uma nova esperança de vida  para os que aguardam em filas é o que pretende o vereador Jair Cézar (PSDB) com o projeto de lei aprovado em primeiro turno,   nesta segunda-feira (30), que prevê  auxílio-funeral para doadores de órgãos ou tecidos.  O parlamentar, que já garantiu, desde 2000, o benefício de isenção de taxas em concursos públicos municipais aos doadores, informa que uma pesquisa preliminar realizada pela imprensa na última semana acusou que 78% das pessoas entrevistadas são favoráveis à iniciativa, enquanto apenas 22% seriam contrárias.  
O projeto  retorna ao plenário nesta terça-feira (31),  para a votação de segundo turno. Se novamente aprovado, segue para sanção do prefeito, devendo a lei, se sancionada, ser regulamentada pelo Executivo num prazo de 60 dias da data da publicação.
Na votação foram  consumidas mais de três horas de discussões.  Ex-deputado, o  líder da bancada de oposição na Casa, vereador Algaci Tulio (PMDB), foi um dos primeiros a falar na tribuna, endossando a iniciativa  do colega. O parlamentar se reportou às quatro leis estaduais de sua autoria que, desde a última década, seguem a mesma linha  de criar “estímulos especiais à doação de órgãos para restituir a sua função vital para a saúde, diante da minúscula parcela da população que é doadora voluntária”, comentou. As leis estaduais são importantes porque podem criar respaldo legal à iniciativa municipal.
Pela bancada do PV, o vereador Paulo Salamuni atentou para a questão jurídica da matéria, alertando que “a forma do projeto poderia criar uma contrapartida pecuniária”. Em virtude de  lei federal que estabeleceu normas para doações, intervivos e nos casos de morte cerebral, Salamuni sugeriu a transformação do projeto em sugestão ao Executivo,  por justificar que o mérito da iniciativa “é sobejamente importante”.
Para o presidente da Comissão de Economia, vereador Paulo Frote (PSDB), “o mérito do projeto é perfeito”. Contudo, avaliou que “existirão problemas para sua aplicabilidade, considerando que o serviço funerário de Curitiba  é um sistema  concessionário, não sendo, portanto, a prefeitura a  estabelecer o tipo de benefício que serviria de incentivo”.
Entre os demais parlamentares que discutiram a proposta, foi sugerida a realização de um seminário para abordagem do tema e formas de ampliar a conscientização popular; um outro sistema,  como o adotado em São Paulo, que criou isenção tributária, e melhoria na infraestrutura de recepção de órgãos em hospitais especializados a fazer transplante. Foi abordada ainda a questão do sistema funerário de Curitiba, que estabeleceu rodízio de atendimento entre as 21 concessionárias.
Na fila
O ex-vereador Dino Almeida Júnior vem acompanhando  as discussões. É um dos quatro mil  pacientes paranaenses que esperam na fila para transplante  e foi convidado a falar sobre a iniciativa.  Em sua opinião, alguns fatores prejudicam o número de doações, como os critérios para sua efetivação, a captação do órgão apenas por morte cerebral, além da não localização de familiares e falta imediata de autorização para efetuar o transplante. A situação agrava-se também, de acordo com o ex-vereador, pela falta de equipes médicas para a devida remoção dos órgãos. Estas questões deixam os doadores “perdidos”. Há também a pouca divulgação e falta de informação à população sobre os mecanismos de doação.
O fato de estar há quase 10 anos em espera, fez com que Dino Almeida Júnior sugerisse aos vereadores a criação de um “cadastro eletrônico de doadores de órgãos”. Por este instrumento, acredita, seria possível agilizar o procedimento, porque a autorização do doador,  autorizada e assinada em vida,  seria de fácil consulta, sem depender necessariamente  de um familiar depois da sua morte.
Regulamentação
Os hospitais e casas de saúde de Curitiba, as unidades da rede de saúde pública municipal e também os prontos-socorros terão que afixar avisos, em lugar bem visível, sobre o auxílio-funeral.
Jair Cézar não acredita que a medida trará  aumento de despesas  para os cofres públicos. Emenda modificativa também de sua autoria prevê que a Divisão de Administração de Cemitérios  e Serviços Funerários da  Secretaria Municipal do Meio Ambiente se encarregará das despesas de implantação da medida, a ser regulamentada por decreto do Executivo.
“Alguns bons exemplos de familiares que autorizaram a doação de órgãos de seus entes queridos, salvando  vidas de pessoas, que, por vezes, esperam em longas filas,  podem ser ampliados”, na opinião do autor do projeto. O benefício proposto pelo parlamentar será concedido aos familiares do doador, desde que comprovem  efetivamente a retirada de órgãos ou tecidos para transplantes,  através de laudo médico.