Aprovada cidadania honorária para o juiz Sérgio Moro

por Assessoria Comunicação publicado 01/04/2016 15h40, última modificação 06/10/2021 08h21

Os vereadores aprovaram, nesta sexta-feira (1), com 31 votos favoráveis e um contrário, o título de Cidadão Honorário de Curitiba (006.00006.2015) para o juiz federal Sérgio Moro, encarregado dos processos da Operação Lava Jato. A iniciativa, apresentada por Chico do Uberaba (PMN), gerou debate de uma hora e 30 minutos, do qual participaram 18 parlamentares. Além de elogiarem e reconhecerem os resultados obtidos pelo magistrado, os vereadores discutiram a crise política pela qual passa o país e medidas de combate à corrupção. O voto contrário foi da Professora Josete (PT).

Na opinião do autor da homenagem, a aprovação do projeto, no dia em que a Polícia Federal deflagrou a 27ª fase da Operação Lava Jato, é uma resposta da Câmara Municipal à sociedade. “É uma resposta de que confiamos nas instituições democráticas, de que acreditamos na ética e na integridade como parâmetros de conduta, de que ninguém aceita mais a corrupção que assola nosso país”. Chico do Uberaba acrescentou que o nome de Sérgio Moro recebeu apoio em manifestações públicas nas quais compareceram milhares de pessoas.

O vereador esclareceu que apresentar o projeto não foi uma questão de “oportunidade”, mas de “reconhecimento”. “O apoio da população e a atuação do Sério Moro, que já havia feito um grande trabalho nas investigações do Caso Banestado e Farol da Colina, resultando na condenação de centenas de pessoas por crimes de corrupção, demonstram que esse país tem jeito. E eu acredito nesse país”, completou.

Paulo Salamuni (PV), líder da maioria na Casa, adotou uma posição mais moderada, ao afirmar que Sérgio Moro “cumpre seu papel”. Ele argumentou que é uma tradição da Câmara homenagear pessoas que se destacam em trabalhos relevantes à população, mas questionou eventual uso político na concessão da honraria. Salamuni lamentou que pessoas favoráveis à Lava Jato não apoiem “com o mesmo empenho” a Operação Publicano, que investiga esquema de corrupção na Receita Estadual do Paraná.

Jorge Bernardi (Rede) afirmou não acreditar que a matéria tenha sido proposta por “oportunismo” e lamentou que Sérgio Moro não possa atuar na Operação Publicano. “Caso ele estivesse na Justiça Estadual do Paraná, certamente Beto Richa já teria sofrido alguma condução coercitiva e muitos investigados estariam presos. Espero que no futuro ele vá para algum tribunal superior, para termos justiça em todos os locais”.

Professor Galdino (PSDB), por sua vez, disse que o Brasil está dividido em antes e depois de Sérgio Moro. “Entraremos em uma nova era. O período em que se podia fazer de tudo acabou e a fase da política feita em currais eleitorais ficará apenas na memória”. “Ele marcou a história do Brasil e a do Paraná”, completou Aldemir Manfron (PP). Serginho do Posto e Felipe Braga Côrtes, do PSDB, Pier (PTB), Chicarelli (PSDC) e Mauro Ignácio (PSB) defenderam que qualquer político corrupto, independente do  partido em que esteja filiado, deve ser punido.

Contrária
Única a votar pela derrubada da proposta, Professora Josete defendeu que a homenagem deve ser entregue a pessoas que contribuíram à sociedade, sem visar lucro, interesses pessoais ou profissionais, em defesa do povo da cidade que concede a cidadania. Ela questionou o trabalho feito por Moro nas investigações do escândalo do Banestado que, em sua opinião, deixou de punir empreiteiras, executivos, políticos e doleiros de forma exemplar há quase 20 anos.

“Ao contrário de agora, os malfeitos no banco paranaense não resultaram em longas prisões preventivas. Muitos envolvidos se beneficiaram das prescrições e apenas personagens menores chegaram a cumprir pena. Essas constatações tornam-se mais assustadoras quando se relembram as cifras envolvidas, pois as remessas ilegais para o exterior aproximaram-se de R$ 520 bilhões, em valores atualizados”, protestou a vereadora.

Ainda segundo Josete, é necessário aguardar o fim da Operação Lava Jato, pois a sociedade espera por resultados efetivos e que sejam tratados com igualdade e justiça os que comprovadamente cometeram atos ilíticos. “Por isso creio que é muito cedo para votar a concessão desse título, pois penso que seria oportuno aguardar a conclusao de todas as ações em curso”.

A votação foi acompanhada por um grupo de cinco manifestantes, que vaiaram vereadores que elogiavam Sérgio Moro.