Aprovada Cidadania Honorária de Curitiba ao comunicador Milton Neves

por José Lázaro Jr. — publicado 24/08/2021 15h55, última modificação 24/08/2021 16h01
Natural de Muzambinho (MG), ele trabalhou na capital do Paraná no início da carreira. Foram 24 votos a favor, 6 abstenções e 4 contrários à homenagem.
Aprovada Cidadania Honorária de Curitiba ao comunicador Milton Neves

Com a pandemia, as sessões da CMC são híbridas, combinando presencial e videoconferência. Na foto, Pier Petruzziello. (Foto: CMC)

Em primeiro turno, nesta terça-feira (24), os vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) aprovaram uma homenagem para o jornalista e comunicador esportivo Milton Neves. A iniciativa, de Pier Petruzziello (PTB), concede o título de Cidadão Honorário de Curitiba a Neves, que, vindo de Muzambinho (MG), iniciou sua carreira na imprensa esportiva na capital do Paraná, nos anos 1970, trabalhando na Rádio Colombo (006.00006.2021). Foram 24 votos favoráveis, 6 abstenções e 4 contrários.

“Milton Neves é um dos maiores comunicadores do Brasil, se não for o maior. Sempre que pode, ele coloca Curitiba no patamar esportivo nacional. Na Bandeirantes, quando fala do futebol brasileiro, não deixa de citar o Coritiba, o Athletico e o Paraná Clube”, destacou Petruzziello. Autor da homenagem, o vereador conversou com Milton Neves por telefone, que enviou um áudio agradecendo a deferência da Câmara Municipal de Curitiba para com a sua pessoa.

“É uma alegria me tornar cidadão curitibano", disse Milton Neves, no áudio reproduzido durante a sessão plenária. “Eu fui para Curitiba com uma mão atrás e outra na frente. Morei na Casa do Estudante Universitário [da UFPR] clandestinamente por 45 dias. Depois não deu para segurar mais e alugamos um apartamento na rua Duque de Caxias, 47, no primeiro andar. Eram dois quartos, sala, banheiro e 16 pessoas, onde cabiam cinco, seis no máximo. Eu nunca passei tanta fome e tanto frio como em Curitiba, em 1971”, relatou o homenageado.

“Não vou esquecer de Curitiba nunca. Passava fome e frio, ganhava um porcaria na Rádio Colombo, mas foi a primeira rádio em que eu trabalhei, pois lá em Muzambinho era quase um alto-falante. Curitiba foi a primeira vez que eu vi uma cidade grande”, continuou Neves, citando com carinho especial o bairro de Santa Felicidade. Diversos vereadores elogiaram  o trabalho do homenageado nos meios de comunicação, em especial pela atenção dele com os ex-jogadores e ex-dirigentes de futebol. Houve também críticas, da bancada feminina, a comentários misóginos contra a seleção feminina de futebol. 

“Eu acompanho o Milton Neves há muito tempo, gosto muito de futebol, e gosto de uma característica muito especial dele, no site, que fala de ex-jogadores. Isso é uma coisa muito importante, pois os jogadores de futebol têm uma carreira muito breve. Alguns ganham muito dinheiro, mas outras ganham pouquíssimo. Então, um jornalista valorizando essa história, deixa eles vivos na memória das pessoas”, disse o Professor Euler (PSD).

Para Sidnei Toaldo (Patriota), Milton Neves “é uma referência esportiva”. Mauro Bobato (Pode) lembrou que o homenageado, para além do jeito irreverente, “tornou-se um empresário de sucesso'', “que fala muito bem da cidade e divulga a qualidade de vida que se tem aqui”. Lembrando que, aos 16 anos, também apresentava um programa na Rádio Colombo, Alexandre Leprevost (Solidariedade) destacou a escalada de Neves na profissão, pois “é um grande jornalista, reconhecido no país inteiro, vindo da Rádio Colombo”. Marcelo Fachinello (PSC), Eder Borges (PSD) e João da 5 Irmãos (PSL) também se manifestaram favoravelmente em plenário.

Futebol feminino
A homenagem foi criticada em plenário pela vereadora Maria Leticia (PV), que relembrou comentários negativos feitos por Milton Neves, em 2016, sobre a seleção feminina de futebol, que renderam notícias na imprensa e repercussão negativa nas redes sociais. “Futebol feminino é igual gordo comendo salada, não tem graça nenhuma” e “futebol de muié é de lascar, não tem graça nenhuma” foram exemplos dados pela parlamentar, em plenário, para justificar seu voto contrário ao projeto de Petruzziello.

“Ele foi chamado de machista e continuou a sua argumentação, que não gosta do MMA feminino e de outras modalidades”, continuou Maria Leticia, para quem Milton Neves foi misógino e sexista e que a CMC não deveria apoiar homenagens desse tipo. “Por que vai conferir honraria a pessoa que tem esse comportamento? Os tempos mudaram. Nós não nos calaremos mais. A Câmara tem que encontrar mecanismos para não homenagear algozes das mulheres. Temos que desconstruir esse comportamento machista”, disse.

Maria Leticia teve o apoio da Professora Josete (PT), alertando para o dano que é feito quando a sociedade naturaliza esse comportamento, dizendo que “é só uma piada”. “Nós mulheres não podemos aceitar violência em qualquer tipo de manifestação”, defendeu. Ambas as parlamentares, Carol Dartora (PT) e Renato Freitas (PT) votaram contra. Amália Tortato (Novo), Dalton Borba (PDT), Indiara Barbosa (Novo), Noemia Rocha (MDB), Osias Moraes (Republicanos) e Salles da Fazendinha (Republicanos). 

O projeto volta ao plenário da Câmara de Curitiba nesta quarta-feira (25), para discussão e votação em segundo turno.