App Saúde Já, unidades de saúde e UPAs em pauta na Câmara de Curitiba

por Pedritta Marihá Garcia | Revisão: Ricardo Marques — publicado 24/09/2024 15h00, última modificação 24/09/2024 15h37
Em audiência pública, a secretária de Saúde, Beatriz Battistella Nadas, respondeu a perguntas de 14 dos 38 vereadores e vereadoras de Curitiba.
App Saúde Já, unidades de saúde e UPAs em pauta na Câmara de Curitiba

Battistella lembrou que “o céu não é o limite, o limite é orçamento” e disse que, pessoalmente, “não gosta” do limite imposto pela LRF para a folha de pagamento. (Foto: Bruno Slompo/CMC)

Além de fazer a prestação de contas do SUS de Curitiba referente ao segundo quadrimestre deste ano, a secretária de Saúde da capital, Beatriz Battistella Nadas, respondeu aos questionamentos dos vereadores e vereadoras da cidade. No debate, que envolveu 14 parlamentares, temas como atendimento das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Básicas de Saúde (UBS), funcionamento do aplicativo Saúde Já, contratações e atenção primária foram levantados.

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A previsão para a construção de uma nova UPA, no bairro Santa Felicidade, e a ampliação de outras unidades, além da demora no atendimento nas urgências, o número de ambulâncias insuficiente para transportar pacientes, e o tempo médio de espera por consultas nas especialidades foram indagados à gestora do SUS de Curitiba. Ao plenário, Battistella afirmou que não era favorável a uma nova UPA, devido à escassez de recursos, e que a cidade já tem unidades “acima do parâmetro definido” pelo Ministério da Saúde, mas  reconhece que a demanda existe e que é preciso “olhar a realidade” para “saber colocar os recursos de forma mais adequada, para melhores resultados na saúde”.

“As novas UPAs previstas vão ter que estar dentro do contexto, e aí sim é um investimento importante que a administração vai fazer, porque o recurso que o Ministério da Saúde vai colocar em contrapartida não necessariamente vai atender [essa demanda]. Nós vamos ter que ‘gestionar’, muito seriamente, os processos das unidades de pronto atendimento. E, neste processo especificamente, nós vamos especializar estas UPAs. Teremos novidades no pronto atendimento, porque o pronto atendimento poderá ser substituído pelo aumento da nossa Central Saúde Já, já que 80% dos casos atendidos são de natureza leve. Então, podemos colocar nestes equipamentos novos serviços para a população”, afirmou.

Sobre o tempo de espera por atendimento, a secretária explicou que nas UPAs só espera “quem pode esperar”, e que 63 dias é o tempo médio de espera para consultas nas especialidades (Curitiba tem mais de 200), sendo que, em 65% das especialidades, o agendamento da consulta é feito em 30 dias. Battistella garantiu, ainda, que a Prefeitura de Curitiba tem dois contratos específicos de ambulâncias, que o transporte “tem grande demanda”, e só em agosto, para o atendimento na hemodiálise, foram feitos 8 mil transportes.

Aplicativo Saúde Já e os usuários

A secretária de Saúde também defendeu a importância do aplicativo Saúde Já para a redução da fila de espera por consultas. Ela disse que o app está em processo de adaptação à realidade dos usuários, mas que esta não é a única forma de acessar os serviços das unidades de saúde. “Na cidade de Curitiba, hoje, já não tem mais fila na madrugada para atendimento na unidade básica. O cidadão é atendido na hora que ele procura a US. Quando é urgência, ele é atendido naquela urgência ou é encaminhado. Se [o atendimento] não precisar ser naquele dia, vai ter um dia de compromisso agendado já na sequência.” Sobre o acesso dos imigrantes aos serviços, em especial daqueles que não têm CPF, ela esclareceu que mesmo aqueles que não têm o cadastro nacional serão atendidos, bastando apenas procurar as unidades de saúde. 

O que disse a secretária sobre contratações

A gestora do SUS ainda respondeu sobre contratações de novos servidores. Segundo ela, foi contratado “o que era possível”, dentro do limite e da necessidade de investimento. Em dois momentos distintos do debate com os vereadores, a secretária lembrou que “o céu não é o limite, o limite é orçamento”, e disse que, pessoalmente, “não gosta” do limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para a folha de pagamento. “É preciso ter mais, mas para ter mais é preciso ter recursos financeiros, e a gente só consegue ampliar os recursos financeiros para ter mais possibilidade de contratação, quando a gente tem uma economia forte, gerando impostos para a nossa cidade”, analisou.

Do último concurso, ela informou que já foram feitas 638 nomeações e que 40 ainda deverão ser feitas. Outra informação adiantada por Battistella é que a Secretaria Municipal de Saúde pretende reformar outras UPAs, como as do Cajuru e do Tatuquara, e que o Poder Executivo deverá publicar em breve o registro de preços para a aquisição de ares-condicionados para salas de vacinação de unidades de saúde do distrito sanitário do Boqueirão.

“Toda decisão que é feita na secretaria está sustentada nos indicadores de atendimento, nos maiores volumes de atendimento, nas condições de maior risco. A gente tem feito este trabalho, tentando ainda olhar aquela parcela da população que não adoeceu e que precisa manter a sua saúde. Este é o nosso plano: temos um planejamento estratégico, que olha diariamente o que está acontecendo, fazendo ajustes às necessidades, de acordo com os recursos que a gente tem”, afirmou a gestora. 

Saúde mental e transtornos do neurodesenvolvimento

Perguntas sobre atendimentos na área de saúde mental e visando ao diagnóstico precoce de transtornos do neurodesenvolvimento (como autismo) também foram feitas à secretária. Ela enumerou que Curitiba conta com 13 Caps (Centros de Atenção Psicossocial), uma unidade de estabilização psiquiátrica e ambulatórios de psiquiatria; orientou que há o trabalho de acolhimento para saúde mental nas unidades básicas de saúde, com destinação de recursos compatíveis para casos mais leves e mais graves; e ponderou que a legislação brasileira proíbe hospitais psiquiátricos em um momento em que há uma “demanda enorme para o hospital psiquiátrico”.

Em relação à detecção precoce de transtornos do neurodesenvolvimento, Beatriz Battistella informou que, desde 2018, é aplicado, na atenção primária, o M-CHAT-R, uma triagem feita no público infantil que identifica alguma condição fora do que estaria prevista no desenvolvimento daquela criança. “Isto sim é feito em 100% das crianças. [...] O M-Chat não diz se [a criança] tem autismo ou outra condição, ele só diz que foge da normalidade”, completou, emendando que a maior dificuldade no SUS, hoje, é o diagnóstico do TEA (transtorno do espectro autista), que é feito por neuropediatras, “um profissional em escassez no mercado”.

Os vereadores que participaram da audiência pública, com perguntas e elogios à gestão do SUS, foram: Alexandre Leprevost (União), Amália Tortato (Novo), Giórgia Prates - Mandata Preta (PT), João das 5 Irmãos (MDB), Marcos Vieira (PDT), Maria Leticia (PV), Mauro Ignácio (PSD), Noemia Rocha (MDB), Oscalino do Povo (PP), Pastor Marciano Alves (Republicanos), Professor Euler (MDB), Rodrigo Reis (PL) e Tico Kuzma (PSD). 

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