Após invasão da CMC, sessões plenárias estão suspensas até segunda

por Assessoria Comunicação publicado 20/06/2017 14h50, última modificação 18/10/2021 10h49

Quatro horas após a ocupação do plenário da Câmara de Curitiba nesta terça-feira (20), o presidente do Legislativo, Serginho do Posto (PSDB), comunicou em coletiva de imprensa a decisão de não realizar sessões plenárias até a próxima segunda-feira (26). “É hora de recompor o diálogo entre a situação e a oposição”, disse Serginho, afirmando que depois da terceira invasão do plenário, e oito sessões canceladas, “o Legislativo precisa trabalhar”.

O presidente do Legislativo cobrou mais responsabilidade das partes envolvidas na negociação, argumentando que os projetos de lei do chamado Plano de Recuperação são importantes. “Há uma crise [financeira] muito forte no Executivo, que ameaça salários e o abastecimento de medicamentos. Os líderes [sindicais] assumirão a responsabilidade pelo colapso [dos serviços públicos]?”, questionou Serginho.

O vereador pediu que os servidores desocupassem o plenário, até porque durante a tarde de hoje a juíza Patrícia Bergonse, da 5ª Vara de Fazenda Pública, concordou com o pedido de imissão de posse movido contra os sindicatos do funcionalismo para liberar o Palácio Rio Branco. A magistrada, pela reincidência do ocorrido, ampliou a multa a ser aplicada caso eles permaneçam no prédio de R$ 50 mil para R$ 100 mil. “Não é intenção fazer uso da força [policial] para a desocupação”, disse Bruno Pessuti (PSD), primeiro-secretário, à imprensa.

Perguntado se a retirada dos pedidos de urgência poderia ser uma medida para retomar a negociação com os sindicatos, Serginho do Posto discordou de não ter havido debate sobre o Plano de Recuperação dentro da Câmara, “pois estão em discussão há 90 dias”. “Com urgência [da prefeitura], poderiam ter sido votados em abril, mas já estamos em junho”, reforçou. Nenhum outro projeto de lei pode ser votado enquanto os projetos em urgência não passarem pelo plenário ou tiverem a tramitação especial retirada.

“Truculência”
Para o líder do prefeito no Legislativo, vereador Pier Petruzziello (PTB), houve um “ataque à democracia” e “uma demonstração de truculência”. Ele disse “não acreditar na retirada dos projetos” como uma solução para o desentendimento com os servidores, “porque a cidade precisa dos projetos [do Plano de Recuperação]”. “Todo mundo tem que começar a falar a verdade, que o país atravessa uma crise, que os pagamentos [dos salários] estão ameaçados”, disse.

A decisão de suspender novamente as sessões plenárias, para Petruzziello, serviu para preservar os servidores. “Precisamos de reflexão, de tranquilidade. Temos muito pouco a fazer [além do que já foi feito], então eu suplico para que não haja mais violência. Suplico paz, que parem de criar factoides. Parece que a única coisa boa para eles é o caos e isto não vamos aceitar”, disse o vereador, referindo-se à atuação dos sindicatos.

“São servidores”

Em resposta ao pronunciamento de Petruzziello, o vereador Professor Euler (PSD), falando à imprensa pelo bloco de parlamentares independentes e da oposição, disse que o movimento “não é sindical, é dos servidores, dos professores e dos guardas civis”. “Se não houve diálogo na elaboração [do Plano de Recuperação], ainda dá tempo. Uma cidade com a Câmara emperrada, com serviços públicos em greve, não é bom para ninguém”, argumentou.

Euler disse que 10 vereadores já assinaram requerimento para submeter ao plenário a retirada dos pedidos de urgência: ele próprio, Professora Josete (PT), Noemia Rocha (PMDB), Professor Silberto (PMDB), Goura (PDT), Felipe Braga Côrtes (PSD), Cacá Pereira (PSDC), Marcos Vieira (PDT), Mestre Pop (PSC) e Jairo Marcelino (PSD) – o Regimento Interno exige 13 apoiamentos para a proposta ir à votação.

O grupo, disse Euler, pedirá uma audiência com o prefeito Rafael Greca, já que o diálogo nas outras instâncias não surtiu “nada efetivo”. “A sensação é que se não houver a retirada [dos projetos], o movimento [de protesto] não vai parar”, ponderou. “Simplesmente cancelar os planos [de cargos e salários] não vai adiantar, os servidores já demonstraram que não concordam. É preciso melhorar a arrecadação, encontrar soluções, ou a tendência é o aumento da violência. É isso que se quer?”, questionou.

Mais fotos desta terça-feira no Flickr da Câmara de Curitiba, aqui e aqui.

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