Aos 60 anos, Pequeno Cotolengo quer ampliar atendimentos

por João Cãndido Martins | Revisão: Ricardo Marques — publicado 23/10/2024 16h56, última modificação 23/10/2024 16h56
O Pequeno Cotolengo do Paraná foi reconhecido entre as 100 ONGs mais importantes do Brasil, segundo um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Aos 60 anos, Pequeno Cotolengo quer ampliar atendimentos

O padre Renaldo Amauri Lopes, diretor-presidente do Pequeno Cotolengo, esteve na Tribuna Livre desta quarta para prestar contas e pedir apoio dos parlamentares no que diz respeito à emendas orçamentárias. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)

Nesta quarta-feira (23), o padre Renaldo Amauri Lopes, diretor-presidente do Complexo de Saúde Pequeno Cotolengo, participou da Tribuna Livre na Câmara Municipal de Curitiba. Ele apresentou um balanço das atividades da instituição e solicitou apoio na renovação de emendas parlamentares. O convite foi feito por Oscalino do Povo (PP). A Tribuna Livre é um espaço reservado nas sessões plenárias das quartas-feiras, onde especialistas, a convite dos vereadores, discutem temas de interesse público.

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Oscalino do Povo destacou a relevância do Pequeno Cotolengo para Curitiba. “São 60 anos de trabalho no atendimento de pessoas com múltiplas necessidades, trabalho que é feito com carinho e que confere dignidade a estas pessoas, muitas vezes esquecidas e em estado de vulnerabilidade”, afirmou o parlamentar.

Fundado há 60 anos, o Pequeno Cotolengo atende 260 pessoas com deficiências

O padre Renaldo ressaltou a importância da prestação de contas na Câmara Municipal. Ele agradeceu o convite do vereador Oscalino e relembrou que o Pequeno Cotolengo está há 60 anos no Fazendinha, cuidando de pessoas com deficiências físicas múltiplas, em situação de risco e abandono. “É um trabalho pautado na caridade de nosso santo fundador, Dom Orione, para quem somente a caridade poderá salvar o mundo”, afirmou.

Segundo ele, a instituição acolhe mais de 260 pessoas de forma permanente, oferecendo um ambiente de cuidado e carinho. “Mais do que atenção médica, eles recebem cuidado e dignidade. Para nós, é fundamental que todo esse acolhimento seja humanizado, para que os pacientes possam se sentir acolhidos e amados como pessoas no Pequeno Cotolengo”, destacou Renaldo.

Estrutura de reabilitação e especialidades médicas

O padre informou que a instituição oferece mais de 26 especialidades clínicas, contando com um Centro de Fisioterapia e Reabilitação e um corpo clínico composto por médicos, fisioterapeutas, psicólogos, fonoaudiólogos, entre outros. “Um exemplo”, mencionou Renaldo, “é a Unidade de Cuidados Continuados Integrados Santa Terezinha, destinada aos cuidados de pessoas que permaneceram por um período em hospitais do SUS e que receberam alta médica hospitalar, mas não têm como retornar para suas residências. Muitos dependem de acompanhamento permanente. Para estes casos, contamos com 33 leitos”.

Além disso, o Pequeno Cotolengo dispõe da Unidade Hospitalar São Luis Orione, voltada para pacientes do SUS em quadro clínico estável que precisam de reabilitação ou adaptação. Essa unidade oferece 25 leitos. O padre Renaldo destacou que a instituição realiza mais de 5 mil procedimentos mensais, somando todas as suas unidades. O complexo também mantém a Escola Pequeno Cotolengo, inaugurada em 1978, para oferecer educação infantil e ensino fundamental na modalidade de educação especial.

Produção interna e desafios financeiros

Renaldo compartilhou alguns dados sobre a instituição, que realiza 325 mil atendimentos multidisciplinares anuais e é composta por 8 Casas Lares, 4 Grandes Lares e 2 Unidades Hospitalares, com o apoio de 698 funcionários. O complexo ocupa uma área de 12 mil m², sendo 17 mil m² de área construída. Diariamente, são servidas 2.500 refeições para funcionários e pacientes. “O Pequeno Cotolengo também estimula os pacientes a realizarem atividades como a costura. São confeccionados anualmente mais de 37 mil itens na Casa de Costura. Os residentes também produzem mais de 40 mil fraldas”, destacou Renaldo.

A manutenção de toda a operação demanda R$ 50 milhões anuais. “Este valor é garantido por meio de convênio com o Município de Curitiba e outros municípios e, também, por meio de emendas (em 2023 o Pequeno Cotolengo recebeu R$ 394 mil em emendas de vereadores da Câmara Municipal de Curitiba). Mas 70% do montante necessário provém de doações”, afirmou. Ele também lembrou que a entidade foi incluída na lista das 100 melhores ONGs do Brasil pela FGV, que analisou 800 mil entidades. O padre Renaldo finalizou sua fala enfatizando a necessidade de mais apoio no atendimento ambulatorial, especialmente no que diz respeito ao autismo.

Políticas públicas e apoio ao terceiro setor

Em resposta aos vereadores Mauro Bobato (PP) e Mauro Ignácio (PSD), Renaldo destacou que o Pequeno Cotolengo, antes voltado exclusivamente à longa permanência, agora busca expandir seus serviços. A meta para 2025 é ampliar a área de atendimento para que o complexo possa oferecer 200 leitos. Noemia Rocha (MDB) questionou se, além das emendas parlamentares, haveria outras formas de apoio. O padre sugeriu que a criação de políticas públicas voltadas ao terceiro setor seria uma forma eficaz de colaboração por parte do Poder Público.

Tico Kuzma (PSD) recordou a atuação do ex-vereador Algaci Túlio (já falecido) como voluntário nas atividades do Pequeno Cotolengo. “Especialmente no churrasco mensal promovido pela entidade”, comentou. O padre Renaldo reconheceu a importância do apoio não apenas de Algaci Túlio, mas de outros parlamentares que foram voluntários, como Dona Lourdes. Em suas considerações finais, o vereador Oscalino do Povo desejou humildade e sabedoria ao padre Renaldo na condução da instituição.