Água em Curitiba e região não é boa, afirma biólogo

por Assessoria Comunicação publicado 24/03/2010 19h15, última modificação 29/06/2021 07h55
Em função do Dia Mundial da Água, comemorado anualmente em 22 de março, a Câmara de Curitiba recebeu, nesta quarta-feira (24), o biólogo José Roberto Borghetti. O convite foi da Comissão Especial da Água, instalada na Casa em outubro do ano passado. Borghetti apontou problemas dos rios de Curitiba e região metropolitana, assim como a qualidade da água.
Em nome dos integrantes da comissão, o presidente, vereador Francisco Garcez (PSDB), fez a saudação ao convidado, destacando que Curitiba sediou, no Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LacTec), o evento Água Limpa para um Mundo Saudável, sobre a necessidade de redução da escassez da água no País. “A questão da água não pode continuar sendo analisada como fato isolado, mas como um desafio inter-regional, com ações integradas, sobrepondo as fronteiras administrativas e políticas dos municípios, Estados e até mesmo nações vizinhas”, disse Garcez. Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) foram lidos pelo parlamentar, que alertou sobre a quantidade de água suja nos rios e mananciais que abastecem a população, significando que mais pessoas morrem atualmente devido à água poluída e contaminada do que por todas as formas de violência, inclusive guerras. “Esta é uma questão urgente que atinge todos os continentes e também nossa cidade, por meio dos rio Belém e Ivo e bacias hidrográficas, e deve ser debatida para assegurar este patrimônio às futuras gerações”, acrescentou.
Ao ocupar o horário da tribuna livre, Borghetti ressaltou que 97% da água do planeta é salgada, imprópria para ser bebida; 1,75% é gelo e apenas 1,24% está em rios subterrâneos, escondidos no interior da Terra. Para ele, este é um momento de reflexão, análise, conscientização e elaboração de medidas práticas para melhorar o uso da água no mundo. Borghetti lamentou que a água que vem para Curitiba seja a segunda mais poluída do País, perdendo apenas para o rio Tietê, em São Paulo.
O biólogo informou aos vereadores sobre o lançamento do projeto Águas do Amanhã. A proposta é reunir todas as experiências e diagnósticos já realizados na bacia do Alto-Iguaçu, tendo como foco principal a preservação da bacia, além de criar formas de mobilizar a sociedade para contribuir com um mundo mais sustentável. De acordo com ele, a qualidade da água dos rios piorou em Curitiba e região, mesmo com 93% de saneamento público.
Entre as informações apresentadas, sugeriu-se a possibilidade da criação de um parlamento metropolitano da água. Na opinião de Borghetti, “as ações são boas, mas estão desconectadas e é preciso entrar em sincronia. Será um trabalho para até quatro gestões”, disse. De toda água utilizada no mundo, 10% vão para o consumo humano, 20% para uso industrial e 70% para a agricultura. Ao somar o total de água potável consumida diariamente no Brasil, seria como se cada brasileiro bebesse cerca de 150 litros.
Rio Iguaçu
O Iguaçu, maior rio genuinamente paranaense, com 1,2 mil km de extensão, nasce limpo nas encostas da Serra do Mar, mas começa a receber grande carga de esgoto doméstico e industrial na grande Curitiba. O Iguaçu e seus afluentes estão em péssimas condições devido aos agrotóxicos utilizados nas grandes áreas agrícolas da região, informou Borghetti.
Debate
A conscientização da população foi a alternativa mais citada pelos vereadores como medida de preservação das águas, durante o debate realizado após a apresentação. Punição para os maiores poluidores foi defendida pela vereadora Professora Josete (PT), que também é bióloga por formação. Tico Kuzma (PSB) e Omar Sabbag Filho (PSDB) apontaram preocupações da região metropolitanas com relação às ocupações irregulares, saneamento e incentivos para os municípios. A elaboração de um projeto piloto para a limpeza dos rios em Curitiba, desenvolvido pela prefeitura em parceria com a Sanepar, foi destacado pelo vereador Jonny Stica (PT). Pedro Paulo, também do PT, sugeriu trabalho conjunto nas esferas municipal, estadual e federal. Na opinião do parlamentar, dessa maneira será possível desenvolver políticas públicas mais eficazes e duradouras.