"Acidentes de trânsito aumentam 30% no carnaval", alerta médico
Para divulgar a campanha “Álcool e volante, uma mistura que não dá samba”, da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot), o presidente da entidade, o médico Renato Raad, utilizou a Tribuna Livre nesta quarta-feira (15). “Os acidentes de trânsito aumentam 30% no carnaval”, alertou. “E é mentira que café e banho frio diminuem a embriaguez. O que acontece é a pessoa ficar ansiosa ao mesmo tempo que não tem todas suas faculdades mentais”, explicou.
Confira o site da campanha.
Raad foi convidado para apresentar a campanha de conscientização na Câmara de Curitiba pela vereadora Maria Leticia Fagundes (PV), médica e presidente da Comissão de Saúde, Bem-Estar Social e Esporte. “Beber e dirigir é um absurdo. Basta visitar os hospitais para entender o que isso significa”, disse a parlamentar. Além de presidente da Sociedade de Ortopedia, ele é responsável pela área no Hospital Nossa Senhora das Graças e pela traumatologia do Hospital do Trabalhador. “Peço que vocês, vereadores, levem a campanha adiante, para as pessoas, pois tem mais contato com a população”, pediu o convidado da Tribuna Livre.
“Os acidentes de trânsito no Brasil, por ano, deixam um milhão de pessoas temporariamente inválidas. Destas, 50 mil permanentemente”, informou o presidente da Sbot. Raad agradeceu ideias recebidas durante a Tribuna Livre, como a inclusão da mensagem de conscientização nas faturas de água e luz, dada por Oscalino do Povo (PTN), ou ações em escolas, para que as crianças eduquem os pais, comentada pelo Professor Euler (PSD).
Serginho do Posto (PSDB), presidente da Câmara de Vereadores, comunicou durante a Tribuna Livre que a Diretoria de Comunicação do Legislativo, nos próximos dias, irá repercutir a campanha. As peças elaboradas pela Sociedade de Ortopedia trazem cinco “mitos e verdades” e “os dez mandamentos do folião”. Além do convite para que as pessoas não misturem o consumo de bebidas alcoólicas com a direção, a campanha alerta para os riscos de usar o celular enquanto dirige e a importância do respeito às normas de trânsito.
Durante a Tribuna Livre, Renato Raad respondeu a apontamentos de 15 parlamentares, que declararam apoio à iniciativa, fizeram sugestões para incrementar a divulgação e pediram a opinião do especialista sobre projetos de lei em tramitação no Legislativo. Goura, do PDT, perguntou se a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia apoiava a redução da velocidade máxima nas vias urbanas.
“Nós apoiamos”, respondeu o presidente da Sbot, dizendo que, “dentro da cidade, andar a 40 km/h ou 80 km/h não faz diferença, pois existem semáforos em todas as esquinas. Nas vias rápidas, andar a mais de 60 km/h põe em risco as pessoas”. Felipe Braga Côrtes (PSD) defendeu a realização de mais blitze nas ruas e o projeto de sua autoria para que os guardas municipais multem infrações de trânsito (leia mais). “Nós, os vereadores, recebemos muitos pedidos de lombadas e radares. As pessoas querem menos velocidade”, afirmou.
Noemia Rocha (PMDB) defendeu a proibição da bebida alcoólica no Brasil. Ezequias Barros (PRP) e Osias Moraes (PRB) também recriminaram o consumo. Bruno Pessuti, do PSD, falou em exigir do responsável pelo acidente o ressarcimento dos danos causados e Helio Wirbiski (PPS) lembrou que já apresentou projeto prevendo isto, nos casos em que houver prejuízo a bens públicos (leia mais). Ele também discutiu se aumentar a fiscalização seria uma solução. “A conscientização é mais barata que a repressão”, opinou. Partiicparam, ainda, Maria Manfron (PP), Mauro Bobato (PTN), Fabiane Rosa (PSDC) e Professora Josete (PT).
Mutirão de especialidade
Por coordenar a traumatologia do Hospital do Trabalhador, Renato Raad fez comentários sobre a articulação da rede de atenção à saúde em Curitiba. Ele disse que “70% dos casos não necessitaria estar ali”. A pedido da Professora Josete, ele deu o exemplo das dores nas costas. “Percebam que 90% da população tem dor nas costas e a conduta nesses casos é fazer um raio-X, indicar anti-inflamatório e fisioterapia. Não precisa ir para um especialista [se essa rotina der certo, se a dor não persistir].
Sobre realizar mutirões para reduzir consultas especializadas que estão "represadas", contou experiência própria, quando havia uma fila no Paraná de 80 mil pessoas na fila. "Há dois anos, na ortopedia, fizemos num mutirão com 12 mil consultas em quatro meses. Quando acabamos, a fila tinha subido para 90 mil. Talvez fazer mutirão não seja a solução", avaliou. O presidente da Sbot defendeu a capacitação das unidades básicas, para melhorarem o diagnóstico, enviando só os casos complexos para as unidades hospitalares.
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