Acatados uso dos estádios na vacinação, auxílio a feirantes e álcool gel nos ônibus

por Pedritta Marihá Garcia — publicado 29/03/2021 18h55, última modificação 29/03/2021 19h15
Quase metade do horário regimental da sessão – de 3 horas – foi destinada ao debate de indicações de ato administrativo ou de gestão, a maioria relacionadas à covid-19.
Acatados uso dos estádios na vacinação, auxílio a feirantes e álcool gel nos ônibus

Uma das 14 sugestões aprovadas hoje sugere que a Prefeitura de Curitiba firme parcerias com clubes de futebol para que os estádios sejam pontos de vacinação. (Foto: Carlos Costa/CMC)

Aproveitamento de profissionais da área de saúde, uso dos estádios de futebol da cidade e reavaliação dos pontos de vacinação são novas sugestões que serão enviadas pela Câmara Municipal de Curitiba (CMC) à prefeitura visando o aprimoramento do plano municipal de imunização contra a covid-19. Além destas ideias, o plenário ainda acatou, na segunda parte da ordem do dia desta segunda-feira (29), uma indicação para que o Executivo crie um auxílio emergencial para os feirantes e outra para que ele disponibilize dispensers de álcool gel em toda a frota do transporte coletivo da capital. Ao todo, foram 14 proposições aprovadas hoje.  

Leonidas Dias (SD) e Sidnei Toaldo (Patriota) conseguiram apoio dos parlamentares para recomendar à Prefeitura de Curitiba para que buscar parceria com os times profissionais e amadores de futebol da cidade possam ceder seus espaços para a vacinação contra a covid-19 (203.00128.2021). Os autores da indicação defenderam que as estruturas dos clubes são “apropriadas” para a execução do plano de imunização, pois têm espaços amplos, que atendem as recomendações do distanciamento social, contam com energia elétrica, banheiros e vestiários capazes de atender com conforto e segurança os profissionais que estarão na linha de frente. 

Os vereadores argumentam que a parceria, se acatada pelo Executivo, vai contribuir com a imunização de um número maior de pessoas quando Curitiba tiver maior quantidade de vacinas para aplicar. “São grandes as filas que [já] acontecem em busca da imunização e, até a fase 4 do plano, a previsão é vacinar mais de 1 milhão de cidadãos. Obviamente, vai aumentar o número de pessoas que buscam os espaços para imunização”, explicou Leonidas Dias. “Temos que estar preparados para que logo que as vacinas cheguem em grande quantidade, mais pessoas possam ser vacinadas. A população espera isso: que a gente possa apresentar novos locais”, completou Sidnei Toaldo.

Conforme a sugestão, a ideia é que os estacionamentos dos estádios possam ser pontos de vacinação no sistema drive-thru, uma medida que vai de encontro ao que Alexandre Leprevost (SD) pretende sugerir ao Executivo. Favorável à indicação dos colegas, o vereador acredita que Curitiba pode ter “pelo menos quatro grandes drive-thrus”. “Com os espaços dos times de futebol para drive-thrus, com o apoio dos profissionais de eventos e do exército, vamos conseguir pulverizar de uma forma eficaz a vacinação. Sabemos que precisamos agilizar e entendemos as dificuldades, que é a mão de obra e a falta de espaços”, analisou.

“Criticar e destruir é muito mais fácil e simples na política. Construir é muito mais difícil. A cidade está, sim, preparada para a vacinação. Profissionais de saúde estão trabalhando na linha de frente com uma organização muito bem-feita. Na média, que é muito grande, Curitiba tem dado seu exemplo na questão da vacina”, afirmou o líder do prefeito na CMC, Pier Petruzziello (PTB), também favorável à sugestão de Sidnei Toaldo e Leonidas Dias. Outros dois parlamentares que participaram do debate foram João da 5 Irmãos (PSL) e Jornalista Marcio Barros (PSD).

Ainda sobre vacinação
Amália Tortato (Novo) formalizou sugestão já feita na semana passada durante os debates em plenário, para que os profissionais da área da saúde capacitados dentro do programa do governo federal denominado “O Brasil Conta Comigo” sejam inseridos nas equipes de atendimento e de vacinação que já atuam na cidade (203.00120.2021). A vereadora explicou que a base de dados do programa conta com profissionais de 14 áreas da saúde, como médicos, biólogos, biomédicos, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas e psicólogos, “que poderiam bem servir às necessidades do município neste momento tão grave de crescimento do número de infectados e mortes causados pela covid-19, sobretudo com a urgente necessidade de vacinação da população”. “Fizemos uma solicitação à Prefeitura de Curitiba para saber quantos profissionais se capacitaram através deste programa. O intuito é trazer mais uma alternativa para a prefeitura”, complementou.

Outra indicação de ato administrativo ou de gestão de Amália Tortato, protocolada em conjunto com Indiara Barbosa (Novo), sugere que a SMS possa organizar as pessoas em determinadas faixas etárias nos horários de vacinação e avaliar a distribuição dos pontos de vacinação e dos profissionais de saúde envolvidos no plano de imunização, para “evitar aglomeração de pessoas e o estresse da população” (203.00130.2021). Já de Beto Moraes (DEM) foi aprovada a sugestão para que os conselheiros tutelares sejam incluídos no grupo prioritário de imunização (203.00122.2021). Ao plenário, o vereador argumentou que o pedido foi feito pela categoria, que também está na linha de frente “atendendo denúncias dos disques 156, 100 e 181”. “Que a inclusão seja feita quando a prefeitura tiver vacinas suficientes”, emendou.

Máscaras e álcool gel
A implantação de dispensers de álcool gel em todos os ônibus do transporte coletivo de Curitiba (203.00124.2021) foi apresentada por Hernani (PSB). O parlamentar explicou que sua percepção é de “um dos únicos locais em que é impossível manter um distanciamento seguro é o transporte coletivo”. “Segundo o TCE-PR [Tribunal de Contas do Estado do Paraná] ao menos 11% dos ônibus circulam com lotação acima do permitido, e esta constatação é visível aos olhos de todos que queiram ver, sendo assim a possibilidade de todos os usuários higienizarem suas mãos durante o trajeto, poderia diminuir a disseminação do vírus no transporte público, que está sendo tão questionado neste momento de restrições mais severas”, alegou.

“Me manifesto com muita surpresa favoravelmente à sugestão, e com certo nível de indignação, porque a meu ver isso deveria ter sido política pública de iniciativa do poder público e não depender de um requerimento de iniciativa do Parlamento para que a gente possa pedir, como se fosse um favor que se faz”, respondeu Dalton Borba (PDT), ao concluir que deveria ser obrigatória a disponibilização de álcool gel nos ônibus para que as pessoas pudessem higienizar as mãos. “Toda a ajuda que vier para dentro dos ônibus vai fazer com um número menor de pessoas sejam infectadas”, complementou Ezequias Barros (PMB), ao lembrar que sugeriu a inclusão da categoria de motoristas e cobradores nos grupos prioritários de vacinação.

“Gostaria que em cada terminal tivessem fiscais para que os ônibus não andassem lotados, gostaria que as pessoas que necessitam do transporte coletivo tivessem a consciência de não entrar nos ônibus lotados, que excedam o limite”, disse Hernani, que também apontou como justificativa a indicação, a informação de Renato Freitas (PT), dada na semana passada, de que mais de 300 trabalhadores do sistema teriam falecido em decorrência da doença. Questionado pelo vereador, hoje o número foi retificado por Freitas. Segundo ele, o Sindimoc (Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana) divulgou, no dia 24 de março, que 32 profissionais do transporte coletivo de Curitiba e de cidades vizinhas morreram vítimas da covid, sendo 18 delas nos 15 dias anteriores. “[Na verdade], são cerca de 300 contaminados entre os trabalhadores do transporte coletivo”, corrigiu.

À Prefeitura de Curitiba, o Legislativo também vai encaminhar ofício com a sugestão de Osias Moraes (Republicanos), aprovada hoje, para que sejam distribuídas máscaras PFF2 aos profissionais que estão trabalhando na linha de frente ao combate da covid-19 (203.00123.2021). Na proposição, o parlamentar também recomenda que o Executivo incentive “a utilização de tais máscaras para a população em geral, através de campanhas publicitárias e publicações em plataformas virtuais oficiais da prefeitura”.

Apoio aos feirantes
Por causa da retração econômica decorrente da pandemia, duas sugestões ao Executivo visam atender demandas dos permissionários das feiras livres e de artesanato de Curitiba. É de Marcos Vieira (PDT), a indicação que propõe a concessão de auxílio emergencial municipal aos feirantes que comercializam seus produtos na Feira do Largo da Ordem (201.00029.2021). De acordo com o vereador, o benefício poderia ser no valor de R$ 1 mil e ser pago durante três meses.

Já Nori Seto (PP) pede que a prefeitura conceda a isenção da taxa de comércio e das despesas administrativas para os permissionários das feiras livres (201.00028.2021). Na indicação, ele sugere que a gratuidade tenha validade até o fim de 2021. “É uma forma do município amparar os feirantes nesse momento tão difícil”, disse o vereador, que recebeu o apoio de Mauro Bobato (Pode). “As atividades comerciais não podem ser retomadas apenas quando todos tiverem imunizados”, opinou o parlamentar, que propôs que o debate sobre a crise econômica seja regionalizado, “porque as realidades dos bairros são diferentes”.

Apoio ao comércio
Por fim, uma última sugestão aprovada hoje e que está relacionada ao enfrentamento da crise sanitária e econômica de Curitiba é de iniciativa de Jornalista Márcio Barros (PSD). Ao Poder Executivo, o vereador sugere a adoção de “medidas que possam reduzir de forma significativa a circulação de pessoas e ao mesmo tempo permitir que as lojas continuem abertas para atender a população, mesmo que de forma limitada”. Na indicação (203.00125.2021), ele recomenda um rodízio de abertura das atividades econômicas, com redução de horários de funcionamento; ou escalonamento dos comércios e serviços, como lojas de rua (das 12h às 17h), shoppings (das 15h às 20h) e supermercados (das 7h às 20h).