Acatada moção para que funcionários do HC recebam a 1ª dose da vacina
Na segunda parte da ordem do dia desta segunda-feira (15), o plenário da Câmara Municipal de Curitiba (CMC) se dedicou à votação de indicações e de requerimentos relacionados ao enfrentamento da pandemia da covid-19 na capital. Uma das proposições debatidas, e que foi acatada por unanimidade em votação simbólica, foi a moção de apoio para que 943 funcionários do Hospital das Clínicas da UFPR (Universidade Federal do Paraná) possam receber a primeira dose da vacina contra a doença (416.00005.2021).
Segundo a autora do requerimento, a segunda-secretária da CMC, Professora Josete (PT), dos 943 trabalhadores do HC que ainda não foram vacinados 268 são técnicos administrativos (dos quais 181 estão trabalhando presencialmente), 382 são terceirizados (copeiras, eletricistas, vigilantes) e 295 são alunos em estágio regular (residentes). “São trabalhadoras e trabalhadores de saúde que deveriam ter sido imunizados com prioridade, antes mesmo da vacinação dos idosos”, completou.
A vereadora ainda informou que o Sinditest, que representa os técnicos administrativos do complexo hospitalar, apontou que “ao menos 20% das equipes já foram contaminadas com o vírus” e que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) teria iniciado a segunda fase de vacinação sem ter imunizado vários setores técnico administrativos do hospital. Profissionais que trabalham, inclusive, no atendimento direto à população.
Mudanças nos grupos prioritários
A vacinação contra a covid-19 também pautou duas indicações de ato administrativo ou de gestão aprovados na sessão desta segunda-feira. De Alexandre Leprevost (SD) foi acatada, com apenas um voto contrário, a sugestão para que motoristas de táxi e de aplicativos de transporte individual de passageiros sejam incluídos nos grupos prioritários do Programa Municipal de Vacinação (203.00083.2021). Conforme o vereador, esses trabalhadores “viraram ‘miniambulâncias’ na questão da locomoção das pessoas para clínicas, laboratórios, hospitais, UPAs”.
“Esses taxistas estão diretamente na linha de frente, assim como motoristas de transporte por aplicativos. Meu pedido é para que a prefeitura possa se organizar para antecipar essas pessoas no plano de vacinação, assim que as vacinas forem chegando. Se formos pensar, o número de motoristas não é muito grande e se torna insignificante pela ajuda que pode trazer uma vacinação para estas pessoas. Além de estarem extremamente expostos neste transporte de possíveis doentes, eles ainda podem estar levando, sem querer, esse vírus pela cidade”, justificou o vereador.
Em apoio à indicação, Mauro Bobato (Pode) sugeriu que os motoristas do transporte escolar também fossem incluídos nos grupos prioritários de vacinação. Já Ezequias Barros (Republicanos) e Renato Freitas (PT) concordaram que, caso não fosse possível inserir todos os profissionais no grupo prioritário de imunização, pelo menos os que tivessem comorbidades pudessem ser identificados e vacinados com prioridade. Outro vereador favorável à medida, Leonidas Dias (SD) lembrou que nem todas as pessoas que vão aos drive–thrus de vacinação, vão com carro próprio ou são levadas por parentes, e precisam utilizar os táxis, expondo esses motoristas.
Apesar não se opor à sugestão no momento da votação, o líder do governo, Pier Petruzziello (PTB) manifestou preocupação como o número de grupos prioritários que têm sido sugeridos pelos vereadores. “Quanto mais prioridades tivermos, menos prioridades teremos.” Para o parlamentar, Curitiba não poderá acatar a indicação de Alexandre Leprevost porque as vacinas que chegam via Ministério da Saúde “são direcionadas para os grupos definidos pelo Plano Nacional de Imunização”. “Dependemos do plano nacional, que vem do governo federal e que não colocou os taxistas e os motoristas de aplicativos nos grupos prioritários”, completou.
Único a votar contra a sugestão, Dalton Borba (PDT) se apoiou na fala do líder do prefeito para justificar seu posicionamento. Apesar de concordar que esses profissionais também deveriam estar no grupo prioritário devido à exposição que sofrem no dia a dia, ele defendeu que uma mudança no Plano Municipal de Vacinação Contra a Covid-19 poderá ser debatido quando Curitiba puder comprar as vacinas por conta própria. “Enquanto estamos nas mãos do Ministério da Saúde, a vacina vem com nome e endereço. Não podemos violar esta distribuição.”
O plenário ainda acatou, sem discussão, indicação de ato administrativo de Nori Seto (PP) para que motoristas e cobradores do transporte coletivo também façam parte do vértice (topo) dos grupos prioritários de imunização (203.00081.2021). Segundo o vereador, esses profissionais foram diretamente expostos aos 107,4 milhões passageiros que o utilizaram o transporte coletivo em 2020. “Tendo em vista que o risco de contaminação da referida categoria profissional aumentou, em razão das variantes do novo coronavírus, sugere-se elevá-la ao topo do citado grupo prioritário, vacinando-a o quanto antes”, finalizou.
Informações sobre pacientes
Uma terceira indicação aprovada pelo plenário sugere que a Secretaria de Saúde disponibilize no aplicativo Saúde Já informações sobre o estado de saúde dos pacientes internados com covid-19 no sistema municipal de saúde (203.00084.2021). Autor da proposição, Mauro Bobato ainda pede que cada UPA (Unidade de Pronto Atendimento) tenha uma telefonista para informar os familiares sobre os pacientes que estão internados com a doença.
Ao plenário, o vereador explicou que tem recebido reclamações de pessoas que não têm acesso a informações sobre familiares que estariam hospitalizados e têm se deslocado até às UPAs. “Mesmo indo pessoalmente [esses familiares] não são atendidos, tendo em vista a alta demanda de pacientes nos locais, causando desespero e tristeza a quem está com o ente querido internado. Uma telefonista ou informações através do aplicativo facilitaria [esse atendimento], pois as pessoas não precisariam se deslocar até às UPAs, evitando também tumultos nesses locais”, disse.
Ao corroborar do problema informado por Bobato, Maria Leticia (PV) informou que há cerca de uma semana tenta obter informações, a pedido da família, sobre uma paciente que está internada na UPA Sítio Cercado, sem sucesso. “Esta família não sabe se esta pessoa ainda está viva ou se está morta”, lamentou, ao complementar que a situação demonstra que “os pacientes que se internam nas UPAs estão com dificuldades de enviar notícias para os familiares”.
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