Aborto deve ser evitado com orientação, diz Comitê

por Assessoria Comunicação publicado 29/09/2010 14h55, última modificação 30/06/2021 16h30
Orientação e prevenção foram palavras-chave no debate promovido pela Câmara de Curitiba, nesta quarta-feira (29), sobre posicionamento contrário à legalização do aborto. A Casa recebeu representantes do Comitê Municipal Brasil Sem Aborto, que congrega várias entidades, e da Frente Parlamentar em Defesa da Vida, cujo presidente municipal é o vereador João Luiz Cordeiro (PSDB), o João do Suco, um dos autores do convite, com o presidente da Casa, João Cláudio Derosso (PSDB), e a liderança do prefeito. O primeiro vice-presidente, Tito Zeglin (PDT), dirigiu o debate.
Esta foi mais uma das ações do Legislativo curitibano em apoio ao movimento nacional que combate a aprovação do projeto de lei federal (1135/91) para suprimir o artigo 124 do Código Penal Brasileiro (CPB) que caracteriza como crime o aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento. A matéria tramita pelas comissões da Câmara dos Deputados e, em maio deste ano, recebeu um parecer substitutivo da Comissão de Seguridade Social e Família, criando o Estatuto do Nascituro.
Vida
No debate desta quarta-feira, houve um consenso dos palestrantes em torno da necessidade de prevenção e orientação a toda a sociedade brasileira, como opção primordial à prática do aborto. “Não podemos aceitar o aborto como prática de controle da natalidade”, alertou a pastora Alessandra Lemos Fernandes, que há sete anos trabalha como conselheira cristã. Para o padre Airton Grespan, que realiza atividades cotidianas nas comunidades carentes do Pinheirinho e Vila Osternack, “precisamos ter consciência e respeito sobre o cuidado mútuo da vida, acima de tudo”, visão compartilhada pela representante da Associação Médico Espírita do Paraná, a médica legista Celina Chybior.
Debate
A cientista e geneticista Isabel Cristina Malta Garcia Makishima frisou “a necessidade da voz jurídica e científica ser ouvida antes da discussão em plenário do projeto de lei proposto para descriminalizar o aborto”. Makishima defende “decisões em cima de conhecimento”. Para todos os que participaram do debate, “o Brasil ainda não está preparado para definir a legalização de tema tão delicado em plebiscito”.
Todos foram unânimes em combater qualquer tipo de aviltamento ao direito à vida, seja com algum tipo de anomalia ou não. Para vereadores e integrantes do Movimento Brasil Sem Aborto, “a intenção não é julgar ou criminalizar quem já praticou aborto. O objetivo é promover a orientação feminina e masculina sobre o problema, agindo preventivamente”. “Não se resolve um problema criando outro”, alertou Isabel Makishima. Ela foi vítima de tentativa de aborto e, segundo seu relato, carrega “uma série de patologias em consequência disto”, razão pela qual defende “mais conhecimento médico, psicológico e religioso sobre o tema vida desde a concepção”.
O padre Grespan citou outros fatores que agridem a vida e com os quais convive em sua missão cristã diária, como a fome, a miséria de famílias inteiras e o vício em entorpecentes.
O relato de cada um dos palestrantes mostrou que “é preciso repensar sobre a responsabilidade individual em cima de uma decisão coletiva, no caso da aprovação do projeto e na contribuição de uma ação criminal”. Também foi consenso que o Brasil precisa rever seus conceitos em função de vida, família e responsabilidade civil pública, independente de ideologias partidárias ou religiosas. “Levar o conhecimento e a orientação a todas as camadas da população para estimular a conscientização da mulher e do homem em função da responsabilidade na geração de um novo ser é a melhor maneira de prevenir atitudes drásticas e irremediáveis.”
Semana
A proposta de debate do tema pelos vereadores levou em consideração a realização da Semana Nacional em Defesa da Vida, de 1º a 8 de outubro, e o Dia Nacional do Nascituro, no mesmo dia 8. João do Suco tem promovido diversas atividades e movimentos em defesa da vida no município e tido participações importantes no Congresso Nacional, encorpando cada vez mais o número de defensores da vida.

BOX

João do Suco já esteve três vezes no Congresso Nacional pela defesa da vida. Nesta semana começa a Semana Nacional em Defesa da Vida e a Câmara de Curitiba deu início às atividades na capital paranaense. Os vereadores curitibanos concordam que para evitar abortos é preciso prevenir a gravidez indesejada, principalmente por meio da educação sexual, sugerindo que seja feita desde cedo. Também foi ressaltado o papel das Igrejas na questão, que têm atuado para que a vida não seja interrompida.
Considerou-se que a Igreja deveria ter papel maior também na política, auxiliando no debate de temas como o aborto e drogas, entre outros, problemas que podem ser evitados por meio da prevenção. Segundo dados informados pelos vereadores, são praticados dois milhões de abortos por ano no Brasil, sendo que dez mil mulheres morrem e muitas outras sofrem diversas consequências.