A visita da princesa Isabel e a libertação de escravos em Curitiba
Em novembro de 1884, Curitiba recebeu a visita da princesa Isabel, filha do imperador Dom Pedro II, os três filhos dela (D. Pedro, D. Luís e D. Antônio) e o esposo, Conde d'Eu. Em homenagem a eles, muitos donos de escravos resolveram libertar seus cativos. Essa história está contada no primeiro vídeo produzido pela Diretoria de Comunicação da Câmara para o projeto Nossa Memória – que iniciou em 2009 com notas e textos destinados a resgatar o passado do Legislativo e da cidade. A publicação lembra o Dia da Consciência Negra.
Visconde de Nácar e Jesuíno Marcondes, que hoje dão nome a ruas da cidade, estão entre as personalidades da capital que libertaram seus escravos na ocasião da chegada da família imperial. As notas foram comunicadas pelo Jornal do Commercio. Enquanto isso, o Dezenove de Dezembro publicava em primeira página um artigo criticando a prática do escravismo pela elite.
É importante lembrar que a Lei do Ventre Livre – que considerava libertos todos os filhos nascidos de escravas, desde que a partir da data da promulgação da lei – já estava em vigor desde 1871 e os movimentos abolicionistas se tornavam cada vez mais fortes em todo o país. Quatro anos após a visita a Curitiba, a princesa assinaria a Lei Áurea e no ano seguinte, seria exilada na França, devido à Proclamação da República.
Como forma de se redimir do passado, em que a Câmara, a mando da Coroa Portuguesa, ordenava marcar a ferro os escravos fugidos, e como forma de reconhecer a contribuição dos negros para o desenvolvimento da cidade e para reforçar a luta contra o preconceito, em 2012 foi aprovada na Câmara de Curitiba a lei que cria o feriado municipal do Dia da Consciência Negra, 20 de novembro. O feriado foi barrado na Justiça, mas a memória desta data deve ser preservada.
Estrada de ferro
O objetivo da visita da princesa era conhecer a região e inaugurar a estrada de ferro que liga Curitiba a Paranaguá, que se tornou referência pelas belezas naturais ao longo caminho e principalmente pelo arrojo de sua estrutura – obra cujos estudos e soluções técnicas que viabilizaram a construção foram feitos pelos irmãos André e Antônio Rebouças, engenheiros, negros e abolicionistas.
Mas a estrada não foi concluída a tempo, e nem na ida, nem na volta, a família imperial pôde pisar na estação de trem que fica em frente à praça Eufrásio Correia, que hoje é o Museu Ferroviário.
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Uma princesa nos trilhos da nossa história
Princesa Isabel e um retrato dos prédios de Curitiba em 1884
Três príncipes nos campos de trigo do Abranches
A despedida da princesa e o caso da ferrovia não terminada
Referências Bibliográficas:
Jornal O Dezenove de Dezembro, edição 278, 29 de novembro de 1884.
Jornal do Commercio, edição 80, de 13 de dezembro de 1884. Notas sobre Visconde de Nacar e Jesuíno Marcondes citadas na matéria.
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