90 anos do Simepar são comemorados em solenidade na Câmara
Os 90 anos do Sindicato dos Medicos do Parana foi comemorado emu ma solenidadena Camara Municipal de Curitiba. (Foto:Carlos Costa/CMC)
Por iniciativa do vereador Dalton Borba (PDT), a Câmara Municipal de Curitiba comemorou na noite desta quinta-feira (18), os 90 anos de existência do Sindicato dos Médicos do Estado do Paraná (Simepar). O próprio Dalton Borba presidiu a mesa, que também foi composta por Marlus Volnei de Moraes, presidente em exercício do SIMEPAR; representando Wilma Brunetti, presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas – Seção PR (ABMM-PR), a médica Chang Yen-Li Chain vice-presidente da instituição; representando Roberto Issamu Yosida, presidente do Conselho Regional de Medicina do Paraná (CRM-PR), Vilmar Mendonça Guimarães, vice-presidente da entidade; Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia; Nerlan Tadeu Goncalves de Carvalho, presidente da Associação Médica do Paraná (AMP).
Dalton Borba exaltou os profissionais da saúde que enfrentaram e ainda enfrentam os riscos produzidos no combate e tratamento da Covid-19. “São profissionais que arriscam suas vidas e as de suas famílias com o intuito de garantir o atendimento da população”. O vereador pediu 1 minuto de silêncio em memória dos 100 médicos e dos 741 trabalhadores da áreas de saúde que perderam suas vidas no enfrentamento à pandemia no Paraná. Dalton Borba destacou que o vereador Tito Zeglin (PDT) acompanhou a cerimônia de forma remota.
Dalton Borba assinalou a importância dos trabalhos desenvolvidos pelo Simepar desde a sua fundação. “Fundado em 25 de outubro de 1931 e reconhecido pelo Ministério do Trabalho em 27 de fevereiro de 1975. A entidade conta atualmente com 1500 médicos e médicas associados e seu objetivo é lutar contra a precarização da atividade médica no Paraná e também para manter a qualidade dos serviços de saúde para toda a sociedade, com a garantia da dignidade profissional”, explicou Borba. O parlamentar ainda lembrou que entre as atividades promovidas pelo Sindicato está a busca por remunerações dignas e planos de cargos e salários que sejam condizentes com as atividades desenvolvidas pelo médicos profissionais, tanto no setor privado quanto na administração pública.
90 anos
Em sua fala de agradecimento o presidente do Simepar, Marlus Volnei de Moraes convidou a todos para um exercício de imaginação: “o que acontecia há 90 anos quando foi criado o Simepar? Qual era o ambiente que propiciou o surgimento de uma entidade sindical da classe médica? Antes mesmo da fundação do sindicato, duas questões se colocavam entre os médicos do Paraná. A boa prestação do serviço médico e a preservação das condições de realização desse serviço. Foram essas as motivações que, possivelmente, estiveram nas conversas entre Victor Ferreira do Amaral, médico e fundador da UFPR e Otávio da Silveira, um dos fundadores do sindicato”, observou Moraes. O presidente em exercício do Simepar entende que se faz necessária a união da classe no sentido de fortalecer o ensino e a pesquisa, assim como a instituição de um código de ética profissional que possibilite o combate ao charlatanismo.
Ele assinalou que após a fundação do sindicato, houve a primeira Guerra e, em seguida, uma pandemia que durou 4 anos. Organizações sindicais foram se espalhando pelo Brasil, havendo uma nova política sobre elas durante o Estado Novo (1937/1945) e outra Guerra Mundial se seguiu, exigindo novas estruturações na área. Apenas em 1953 o Brasil passa a contar com um ministério exclusivamente voltado para a saúde. Antes, uma mesma pasta abrangia a educação e a saúde. “Foram portanto, 2 guerras mundiais, 3 pandemias – Gripe Espanhola (1918) H1N1 (2009) e Covid-19 (2020-2021). Uma história protagonizada por homens e mulheres que construíram meios para que a instituição médica se tornasse permanente” assinalou o presidente do Simepar.
Moraes ainda lembrou das palavras do Papa Francisco sobre as entidades sindicais. Segundo o religioso, elas devem vigiar e dar voz aos vulneráveis e oprimidos, além de gerar inovações nas relações de trabalho que diminuam ou efetivamente eliminem as eventuais injustiças. “E isso que fazemos todo dia. O movimento sindical subsidiou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), que, apesar das dificuldades, se tornou exemplo para o mundo. Os sindicatos médicos também subsidiaram o surgimento de cooperativas médicas e criticaram a criação de escolas médicas sem a estruturação necessária. Além disso, o Simepar dá voz àqueles que, por alguma razão, têm a sua voz silenciada”, finalizou Moraes.
3 lições
Clovis Arns da Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), iniciou seu pronunciamento agradecendo a todos os profissionais de saúde que estiveram à frente do atendimento aos pacientes de Covid. “Não apenas os médicos, mas também fisioterapeutas, psicólogos e nutricionistas. Foram verdadeiros heróis. Tanto os que ficaram abalados no aspecto psicológico pela pressão das situações, como também os que foram contaminados e necessitaram de respiradores e vagas em UTI, entre outros serviços”. O médico acredita que da experiência com o Covid, restam 3 lições. Uma de união, verificável na postura de pessoas humildes que se doaram em prol de desconhecidos; uma de resiliência, no sentido do combate à propagação de informações equivocadas sobre medicamentos de ineficácia cientificamente comprovada no enfrentamento à doença. E uma última lição, no caso, de gratidão a Deus, ”por estarmos vivos e pelas vidas que conseguimos salvar”.
Revitalização do SUS
Para Vilmar Mendonça Guimarães, vice-presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Paraná, a homenagem prestada pela Câmara Municipal ao sindicato é meritória, na medida em que hoje os profissionais esperam muito das entidades de representação. “Vivemos um momento de precarização do trabalho, em que relações trabalhistas estão passando por reavaliacões que fortalecem as empresas, mas prejudicam os profissionais nelas empregados”. Guimarães enalteceu o sindicato, frisando que o Conselho Regional de Medicina do Paraná já promoveu muitas atividades em associação com a entidade sindical. “Somos coirmãos”, disse o médico.
Chang Yen-Li Chan, vice-presidente da Associação Brasileira de Mulheres Médicas – Seção PR (ABMM-PR), ressaltou as dificuldades enfrentadas pelas profissionais mulheres durante o Covid, na medida em que elas acabaram desempenhando jornadas duplas e triplas. “Acredito que a superação do Covid, que se verifica na diminuição de contaminados, foi fruto de um trabalho em equipe. E sempre com o apoio do Sindicato, que nunca descuidou dos profissionais de saúde. Nerlan Tadeu Gonçalves de Carvalho, presidente da Associação Medica do Paraná, destacou a atuação do SUS durante a pandemia. “Entre 2008 e 2018, o SUS teve uma perda de 30 mil leitos de UTI. É necessário restabelecer esses leitos, pois trata-se de uma demanda permanente”
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