3ª cidade em acidentes de trabalho no país, Curitiba terá campanha educativa
Com 58.459 acidentes de trabalho registrados desde 2012, Curitiba é a terceira cidade com mais ocorrências desse tipo no Brasil. Fica atrás somente de São Paulo (294.730) e Rio de Janeiro (133.232), segundo o Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, um projeto do Ministério Público do Trabalho (MTP). O dado foi apresentado aos vereadores nesta terça-feira (13) por Cacá Pereira (PSDC), que obteve o apoio unânime dos parlamentares à criação da campanha educativa Abril Verde (005.00064.2017, com substitutivo 031.00006.2018), voltada à prevenção dos acidentes de trabalho.
“Temos que pensar na prevenção, na promoção da saúde, no cuidado com o ser humano em primeiro lugar”, declarou Pereira. O parlamentar explicou que começou em 2014 o movimento social que deu origem ao Abril Verde, por iniciativa do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Estado do Paraná (Sintespar). “A escolha da data é por se comemorar em 7 de abril o Dia Mundial da Saúde e, no 28 de abril, o Dia em Memória das Vítimas de Acidente de Trabalho.” Nos últimos cinco anos, 14,8 mil pessoas morreram no Brasil em decorrência de acidente de trabalho – sendo 135 só em Curitiba.
Segundo o MPT, desde 2012, as consequências mais frequentes de acidentes de trabalho em Curitiba são contusões e esmagamentos (21%), seguidas por cortes e lacerações (17,8%), fratura (14%) e distensões e torções (10%). As atividades econômicas mais atingidas são as hospitalares (11%), comércio varejista (4,49%) e Correios (4%). “E esses são só os casos oficialmente comunicados”, alertou o vereador. O projeto, aprovado em primeiro turno, determina a realização anual de campanha educativa sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. A matéria volta ao plenário nesta quarta (14), para ratificação em segundo turno.
“Estou estarrecido com esses dados”, comentou Helio Wirbiski (PPS), que sugeriu que não só a Prefeitura de Curitiba faça ações educativas em alusão ao Abril Verde, mas que a Câmara também se engaje na conscientização da população. “Devemos utilizar as emendas parlamentares para a campanha”, sugeriu. Zezinho Sabará (PDT), Oscalino do Povo (Pode), Thiago Ferro (PSDB) e Maria Manfron (PP) concordaram, defendendo a tese que “é melhor prevenir que remediar”. “É inadmissível que Curitiba seja a terceira capital em número de acidentes. É estarrecedor”, completou Goura (PDT).
“Quando eu trabalhava na iniciativa privada, seja na Siemens, ou na Refinaria Abreu e Lima, a segurança do trabalho era levada a sério”, apontou Bruno Pessuti (PSD), cuja opinião coincidiu com a de Osias Moraes (PRB) e Professora Josete (PT). Os três pediram a intensificação desse debate. “Até porque o serviço público também tem uma série de problemas nessa área, principalmente no que diz respeito às doenças ocupacionais. Sou servidora [municipal] desde 1985 e lembro de poucas ações [de conscientização]. Temos muitos afastamentos na Saúde e na Educação por conta da sobrecarga de trabalho”, disse Josete.
Primeiro turno
Também foi aprovada, em primeiro turno, homenagem a Sebastião Roberto Cardoso (009.00033.2017). O autor da iniciativa, Marcos Vieira (PDT), deixou para debater a homenagem na votação em segundo turno, na quarta-feira (14). Cardoso, diz a justificativa, teve sua trajetória vinculada à ação social dentro da Igreja Católica, organizando corais, assessorando o ex-deputado estadual Padre Paulo e, mais recentemente, como conselheiro tutelar no Bairro Novo. Faleceu em agosto de 2017.
*Atualizada às 8h desta quarta-feira (14) para incluir a aprovação de projeto de lei do vereador Marcos Vieira na sessão de terça.
Reprodução do texto autorizada mediante citação da Câmara Municipal de Curitiba