“Não quis ofender ninguém”, diz presidente da FAS sobre áudio de WhatsApp
Presidente da FAS comentou episódio do áudio sobre pessoas em situação de rua na Câmara de Curitiba. (Foto: Rodrigo Fonseca/CMC)
Nesta quarta-feira (22), durante a prestação de contas da Fundação de Ação Social (FAS) aos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba (CMC), a presidente da FAS, Maria Alice Erthal, comentou a situação enfrentada por ela em agosto, quando um áudio em um grupo de WhatsApp vazou para a imprensa local. “Houve exagero. Não quis ofender ninguém”, disse Erthal. No áudio, ela defendia que guardas municipais acompanhassem os educadores sociais da FAS em abordagens no Centro de Curitiba. Segundo Grace Ferreira, diretora da área na FAS, existem 3.568 pessoas cadastradas como em situação de rua na cidade de Curitiba.
“Eu recebi duas denúncias naquele dia, sobre a [rua] Marechal Deodoro e a [rua] André de Barros”, contextualizou Maria Alice Erthal, explicando que, no dia do áudio, passou de carro nas imediações para averiguar a situação naquelas vias. “Passei lá e estava bem difícil. Um ou dois dias antes, teve uma ameaça [contra uma funcionária da FAS], ela foi pega pelo cabelo e a ameaçaram com um caco de vidro”, justificou. Maria Alice Erthal disse que não percebeu que o grupo de WhatsApp, que antes tinha apenas nove pessoas, passou para mais de 30, “[com] algumas que não gostam de mim”.
Maria Alice Erthal lamentou o vazamento “pela própria equipe de trabalho” e enfatizou que a FAS segue todos os parâmetros nacionais para o atendimento da população em situação de rua. Acompanhada de várias gestoras da Fundação de Ação Social, ela defendeu que a segurança dos educadores também importa e que o baixo efetivo do órgão é um desafio para as políticas de assistência social. “O número de servidores é muito pequeno”, completou. Tico Kuzma (PSD), líder do governo, partiu em defesa da presidente da FAS, assim como Rodrigo Reis (União) e Eder Borges (PP). Eles destacaram as décadas de vida que Erthal dedicou ao serviço público da capital.
No áudio, Erthal sugeria a atuação conjunta da FAS com a Guarda Municipal, referindo-se às pessoas em situação de rua daqueles dois pontos, alvos de denúncia, como “aquele povo”. Também disse que “não precisa tirar na marra, mas que vá a Guarda Municipal para eles começarem a ficar com um pouquinho de medo”. Na época, o prefeito Rafael Greca disse que a repercussão na imprensa do assunto se aproveitava da descontextualização das falas da presidente da FAS. Hoje, a gestora pública se colocou à disposição dos vereadores para detalhar o funcionamento do órgão. “As pessoas não conhecem a FAS”, lamentou.
No fim de agosto, a CMC discutiu a convocação da presidente da FAS para tratar do áudio em plenário, mas o requerimento foi retirado mediante o acordo de ela vir, espontaneamente, em uma data futura, combinada com a liderança do governo. Nesse ínterim, no dia 7 de novembro, uma pessoa em situação de rua foi morta dentro de uma Casa de Passagem, por um guarda municipal, em uma situação que está sob investigação, levando ao protocolo de novos pedidos de convocação, agora da FAS e da Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito (SMDT), dirigida por Péricles de Matos. O agendamento das prestações de contas, hoje, resultou no arquivamento dessas propostas.
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