“É um momento terrível. Devemos redobrar cuidados”, diz presidente da CMC

por José Lázaro Jr. — publicado 31/05/2021 18h05, última modificação 01/06/2021 06h25
Representantes da CMC participaram, na quinta passada (27), de reunião entre setores produtivos, diretores de hospitais e a Prefeitura de Curitiba.
“É um momento terrível. Devemos redobrar cuidados”, diz presidente da CMC

Com a pandemia, as sessões da CMC são feitas por videoconferência. Na foto, Tico Kuzma. (Foto: CMC)

Na última quinta-feira (27), a Prefeitura de Curitiba chamou representantes dos hospitais e dos setores produtivos para discutir o enfrentamento da pandemia na cidade. O presidente do Legislativo, Tico Kuzma (Pros), e os vereadores Noemia Rocha (MDB) e Marcelo Fachinello (PSC), da Comissão de Saúde, participaram da reunião, que antecedeu o retorno da capital do Paraná à bandeira vermelha. “É um momento terrível. Devemos redobrar os cuidados”, alertou Kuzma, nesta segunda (31), durante a sessão plenária.

“Precisamos redobrar os cuidados, continuar usando as máscaras, lavando as mãos e mantendo o distanciamento social. Talvez seja o pior momento da pandemia em Curitiba e no nosso Estado. É preciso ampliar os testes e adiantar os resultados para que as pessoas contaminadas fiquem em isolamento social. Temos que acelerar a vacinação”, disse Tico Kuzma, lembrando que a Câmara Municipal de Curitiba (CMC) já inquiriu o Ministério da Saúde sobre o Paraná ter recebido menos vacinas que o Rio Grande do Sul (confira aqui).

“A CMC não deixou e não deixará de cumprir seu papel institucional, buscando soluções, discutindo, aprovando e encaminhando sugestões à Prefeitura de Curitiba”, garantiu Kuzma. No mesmo sentido, Noemia Rocha, que preside a Comissão de Saúde, pediu união da sociedade diante do agravamento da pandemia na cidade. “O cenário é complexo. O pior desde o início da pandemia. A gente tem sensibilidade à questão do comércio, mas este é um momento crucial e o impacto à vida precisa ser considerado. Não há leitos”, ponderou. “Eu sou oposição a esse prefeito, mas não dá para pensar em base e oposição, em representação de segmento”, rogou Noemia Rocha.

Vice-presidente da Comissão de Saúde, Fachinello relatou que os diretores de hospitais particulares, na reunião, é que alertaram para a situação enfrentada pela cidade. “Ninguém quer ter que escolher quem será atendido, quem é que vai receber a medicação correta”, relatou o parlamentar. Os vereadores apontaram que não falta recursos, segundo o Executivo, para comprar insumos, mas a capacidade de abastecimento dos fornecedores é que tem se mostrado abaixo da demanda. Nori Seto (PP), que havia cobrado reunião da prefeitura com a sociedade antes dos decretos, pediu que a atitude continue, “que o diálogo seja mantido”.

Transporte coletivo
Na semana em que a CMC receberá o presidente da Urbs, Ogeny Pedro Maia Neto, na próxima quarta-feira (2), diversos vereadores fizeram alertas em plenário sobre a lotação dos ônibus da capital. Indiara Barbosa, do Novo, relatou ter ido aos terminais de ônibus, hoje, às 6h30, e ter encontrado lotação no transporte coletivo. “Passamos pelos terminais do Fazendinha, do Pinheirinho, do Portão. Vimos, sim, muitos ônibus lotados. Os ônibus atrasam, aglomera um monte de gente e a população nos ônibus cheios. Não tem álcool em gel.”, criticou a parlamentar.

A vereadora apontou que há poucas pessoas utilizando a máscara mais adequada. “A maioria com máscara de pano, simples. E gente tossindo dentro do ônibus”, disse Indiara Barbosa, cobrando do Executivo ações para reverter esse quadro. “Quem paga a conta? A situação é insustentável. Se alguns setores vão fechar e outros ficar abertos, o que a prefeitura pode fazer de subsídio, de isenção de impostos? São mais duas semanas [de bandeira vermelha] e muitos [empresários] não vão aguentar”, opinou. “Parece que a pandemia nunca vai acabar”, reclamou Mauro Ignácio (DEM), pedindo mais atenção às casas de eventos e buffets infantis.

Flávia Francischini (PSL) também criticou o Executivo, queixando-se da falta de informações acerca do Pavilhão da Cura, no parque Barigui. A vereadora apresentou pedido de informações questionando como o espaço foi ocupado pela prefeitura e se houve custo para o erário. “A informação devia ser pública, mas não a encontramos”, relatou, exigindo mais comprometimento da prefeitura, uma vez que a cidade, disse Flávia Francischini, “tem hoje uma das maiores taxas de transmissão do país”.

O vereador Herivelto Oliveira (Cidadania) anunciou que retomará uma ideia do engenheiro Edilson Miranda, trazida para a CMC pelo ex-vereador Geovane Fernandes, que consiste em reorganizar a cidade para conferir gratuidade ao transporte coletivo. Relatando reuniões com o presidente da Urbs e com o secretário de Finanças, além de pedidos ao deputado federal Rubens Bueno, de seu partido, pois dependeria de legislação federal, Oliveira acha que essa é a hora desse debate. “Em 2025 haverá a renovação da concessão”, anteviu o parlamentar.

Manifestação de rua
O protesto realizado no sábado, 29 de março, foi registrado em plenário pelos vereadores Carol Dartora e Renato Freitas, do PT. “Curitiba teve cerca de 10 mil pessoas na praça Santos Andrade. As manifestações de ontem são um marco na história do país e marcam o fim do monopólio das ruas, pois antes apenas os negacionistas iam ali para achincalhar as medidas de isolamento e a gravidade do vírus”, opinou o parlamentar. Citando a CPI da Pandemia, no Senado Federal, Carol Dartora disse que, com Jair Bolsonaro, “o Brasil mergulhou no projeto bizarro de incentivo à doença”.

“Desde o início da pandemia o governo federal não tomou as medidas necessárias enquanto gestor responsável pela nação. O SUS é capilarizado, todo município tem unidade, mas a estrutura não é valorizada e utilizada. Enquanto não tivermos ações conjuntas, vai continuar o abre-e-fecha”, afirmou Professora Josete (PT), defendendo ações integradas nas regiões metropolitanas para otimizar as medidas restritivas.