Deputada do Distrito Federal faz denúncias contra depoente da CPI
Durante a oitiva do advogado Sacha Reck, consultor do Sindicato das Empresas de Transporte de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp), na CPI do Transporte da Câmara de Curitiba, nesta quinta-feira (25), a deputada do Distrito Federal, Celina Leão (PSD), fez denúncias contra o depoente. Ela afirmou que a última licitação do transporte público de Brasília (DF) foi fraudada. De acordo com a parlamentar, Reck foi consultor do edital e é advogado de um grupo que venceu o concurso no Distrito Federal. “Ou seja, tinha informações privilegiadas. Tivemos envelopes que não foram abertos, inclusive com valores menores do que as concorrentes que venceram. Tínhamos empresas que propuseram tarifa a R$ 2,10 e a maioria das empresas ganhou com tarifa a 2,80”.
Ela entregou documentos de acusação contra o advogado para o presidente da CPI, vereador Jorge Bernardi (PDT). “São cerca de quinhentas páginas tratando da licitação de Brasília. Ouvimos os dois lados, vamos analisar as informações e, se houver irregularidades, poderemos encaminhar à Polícia Federal ou ao Ministério Público”, afirmou Bernardi.
Segundo Celina, o secretário de Transportes do Distrito Federal, José Walter Vasquez, disse que Reck era contratado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para prestar consultoria no processo de escolha das empresas de transporte. “Mas estou com documento do BID alegando que ele não é consultor da instituição. Qual é o objetivo deste advogado prestando consultoria ao governo? Filantropia?”, questionou Celina, que é autora do requerimento para a instalação de uma CPI do transporte público do DF.
“Impressiona o cinismo com o poder público. Colocamos o secretário para prestar informações. Perguntamos se ele não achava imoral o advogado das empresas ser consultor da licitação e ele respondeu que não achava imoral nem ilegal.
Celina afirmou ainda que existe uma empresa do Paraná que venceu a licitação em Brasília com o CNPJ baixado. “Estamos falando de uma licitação de R$ 40 bilhões. Temos empresas do Paraná que ganharam lá com CNPJ baixado, documentação inexistente na Receita Federal. Quero saber se elas atuam aqui no Paraná”, questionou a deputada. Para Bernardi, a acusação pode afetar Curitiba. “Pode ter consequências no processo de licitação, se constatarmos que empresas não têm a documentação regular também aqui”, afirmou.
Resposta às acusações
Sacha Reck respondeu às acusações dizendo que sua família trabalha pelo transporte coletivo há muitos anos em Curitiba e colocou seu patrimônio à disposição para investigação. “Acompanho o transporte coletivo desde os cinco anos de idade. Meu pai foi diretor técnico da Urbs no governo Requião. Se existia alguém mais odiado pelas empresas do transporte era meu pai, que teve uma administração muito rígida. Não há nada que desabone a figura do meu pai, da minha família”, alegou.
Ele afirma que as acusações contra ele partem somente do secretário do DF. “Todas as afirmações feitas pela Celina partiram do secretário José Walter Vasquez. Ela não perguntou nada para mim. Mas eu não tenho nada a esconder”. Ele negou que tenha contrato com o BID. “Eu nunca falei que fui contratado pelo BID. Com relação ao meu contrato com o Distrito Federal, não tenho nenhuma dúvida, de qualquer irregularidade sobre este contrato”. Reck explicou que assessorou o Distrito Federal por meio de um contrato pago pelo BID, para prestar assessoria na licitação.
Chico do Uberaba (PMN), que fez o convite para que Celina expusesse as denúncias na reunião da CPI, também confirmou que as acusações, pertinentes à capital paranaense, serão investigadas pelo grupo. “Se a deputada faltou com a verdade, a Comissão também vai investigar”.
Presidido pelo vereador Jorge Bernardi (PDT), o colegiado tem Serginho do Posto (PSDB) na vice-presidência e Bruno Pessuti (PSC) na relatoria, além de Valdemir Soares (PRB) como vice-relator. A CPI também reúne os vereadores Chicarelli (PSDC), Chico do Uberaba (PMN), Cristiano Santos (PV), Geovane Fernandes (PTB), Mauro Ignacio (PSB), Noemia Rocha (PMDB), Paulo Rink (PPS), Professora Josete (PT) e Toninho da Farmácia (PP).
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